29/12/2022
“A sua situação não mudou desde ontem [quarta-feira]”, disseram à agência de notícias italiana Ansa fontes do mosteiro Mater Ecclesiae, nos jardins do Vaticano, onde o papa emérito vive desde a sua renúncia, em 2013, acrescentando que Bento XVI continuará a ser vigiado em permanência por equipas médicas.
O seu secretário, o alemão Georg Gänswein, tem permanecido ao seu lado, segundo a televisão pública italiana RAI.
A Santa Sé não avançou mais pormenores sobre o estado de saúde do pontífice emérito depois de, na quarta-feira, o diretor da assessoria de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, ter confirmado “um agravamento” do estado de saúde de Bento XVI “devido à sua idade avançada”.
A preocupação com a saúde de Bento XVI influenciou a política italiana esta manhã, com um dos porta-vozes do partido no poder Irmãos de Itália, na Câmara dos Deputados a desejar as suas melhoras.
“Todos nós pedimos pela saúde do santo padre emérito Bento XVI, sem dúvida o teólogo mais importante do período pós-iluminista”, disse Alfredo Antoniozzi.
Na quarta-feira, a diocese de Roma garantiu que se juntou ao pedido de oração feito pelo Papa Francisco na sua audiência semanal, que fez soar o alarme sobre a situação do papa emérito.
“Peço uma oração especial para o Papa Bento XVI”, afirmou Francisco, acrescentando que o seu antecessor “está muito doente” e “pedindo ao Senhor que o console e o apoie neste testemunho de amor pela Igreja até ao fim”.
Bento XVI, cujo nome pessoal é Joseph Ratzinger, vive, desde abril de 2013, com a sua “família vaticana”, composta por um secretário e quatro leigas consagradas ao instituto “Memores Domini”, pertencente ao movimento Comunhão e Libertação, que dividem as tarefas domésticas e cuidam das necessidades do Papa emérito.
Bento XVI, o primeiro Papa a renunciar ao pontificado nos últimos 600 anos, raramente saiu dos muros do seu retiro, tendo a última vez sido em junho de 2020, quando foi visitar o seu irmão a um hospital alemão, algumas semanas antes de morrer.
LUSA/HN
28/12/2022
De acordo com o Vaticano, a saúde de Bento XVI piorou “nas últimas horas” devido à sua idade e os médicos estão a vigiar constantemente a condição do Papa emérito.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que o Papa Francisco foi visitar o seu predecessor no mosteiro do Vaticano onde Bento XVI vive desde que abdicou em fevereiro de 2013.
O Papa Francisco anunciou hoje, na audiência semanal, que o seu antecessor está “gravemente doente” e pediu uma oração especial por Bento XVI.
“Gostaria de pedir a todos uma oração especial pelo Papa emérito Bento XVI. Para manter viva a sua memória, porque ele está gravemente doente, para pedir ao Senhor que o console e apoie”, disse o Papa.
Bento XVI, cujo nome original é Joseph Ratzinger, foi Papa entre 2005 e 2013, quando abdicou e passou a ser emérito da diocese de Roma.
O antecessor de Francisco foi o primeiro Papa a renunciar em 600 anos, depois de Gregório XII em 1415. Vive há cerca de 10 anos no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano.
Na sua decisão, Bento XVI citou o declínio da sua saúde física e mental, que terá piorado em 2020, devido a uma infeção por herpes zoster no rosto.
De acordo com o seu biógrafo, Peter Seewald, que visitou o Papa emérito em agosto de 2020 para lhe entregar a sua biografia, Ratzinger estava racional e mantinha a sua memória, mas a voz já estava praticamente impercetível.
O testamento de Bento XVI já está escrito e será tornado público após sua morte, acrescentou.
Ratzinger expressou o desejo de descansar no antigo túmulo do seu antecessor, o Papa João Paulo II, na cripta de São Pedro.
João Paulo II está sepultado na Capela de São Sebastião, contígua à que alberga a escultura La Pietà (A Piedade), de Miguel Ângelo.
LUSA/HN
27/08/2022
Franca Giansoldati, vaticanista do jornal Il Messaggero, disse à Lusa que o facto de o Papa ter decidido que o consistório para a nomeação de novos cardeais deveria ser realizado a 27 de agosto “foi uma escolha inusitada” e também alimentou os rumores.
“Parecia quase feita para acelerar as coisas. Logo depois, anunciou que iria para Aquila, cidade italiana atingida por um sismo em 2009, mas também berço do Papa Celestino V. Alguém pensou que isso também poderia ser um sinal do seu abandono do papado. Uma espécie de febre desenvolveu-se em torno dessas datas”, adiantou.
O próprio Papa Francisco não descartou a renúncia e, durante uma viagem ao Canadá em julho passado, declarou “com toda a honestidade” que tal não seria “uma catástrofe”.
“O Papa pode mudar, mas será o Senhor quem o dirá. A porta está aberta, mas até hoje não bati com ela”, disse o pontífice.
Segundo Giansoldati, as especulações sobre a saúde de Jorge Bergoglio são criadas pela falta de informações fiáveis.
“O corpo do Papa não lhe pertence, pertence à Igreja. Além disso, também é uma figura pública e há mais de mil milhões de católicos no mundo que têm o direito de conhecer o estado de saúde do pontífice. Cria-se uma opacidade na saúde do Papa que depois também dá fôlego a mil hipóteses. Não há informações”, disse a vaticanista italiana.
“Até o colégio dos cardeais nunca recebeu informações sobre a saúde do Papa. Então nesse contexto fica claro que há boatos e notícias às vezes baseadas em nada”, adiantou.
Cada vez em mais ocasiões, o Papa Francisco apresenta-se em cadeira de rodas, mas mantém uma agenda carregada e para o próximo mês já existem viagens programadas incluindo ao Cazaquistão (13 a 15 de setembro).
Em julho do ano passado, o Papa Francisco foi operado a um problema no cólon que obrigou à remoção de parte desse órgão.
Já então circulavam rumores de renúncia e, numa entrevista à rádio espanhola Cope, Francisco disse que “quando um Papa está doente, sopra um vento ou furacão de conclave”.
Depois, em maio, pela primeira vez o Papa Francisco mostrou-se em público sentado numa cadeira de rodas.
A renúncia de Celestino V é, depois da do Papa Bento XVI, a mais famosa da história da Igreja. Eleito em 1294, enfrentou manobras políticas e económicas e após 4 meses renunciou.
Bento XVI, durante uma visita a Aquila, após o grave sismo de 06 de abril de 2009, ofereceu o seu pálio (faixa circular branca adornada de cruzes bordadas, usada sobre os ombros, e da qual pende uma tira sobre o peito e outra sobre as costas), deixando-o sobre o túmulo do Papa Celestino V.
Este gesto foi depois interpretado como um sinal da renúncia que apresentaria quatro anos depois.
Franca Giansoldati diz à Lusa que as notícias sobre o estado de saúde do Papa disponíveis “são fragmentárias, insuficientes”.
“Sabemos que tem um problema na cartilagem do joelho direito (…) provoca-lhe dores terríveis quando anda”, refere.
Ao contrário do que aconteceu no passado com o Papa João Paulo II e outros pontífices, nenhum médico assina um boletim médico do Papa Francisco, sendo estes “emitidos apenas pelo Gabinete de Imprensa da Santa Sé”, adianta Giansoldati.
Várias vezes se falou da possibilidade de o Papa ser submetido a uma cirurgia ao joelho, mas o próprio parece não quer fazê-lo.
“Em vez de fazer a minha cirurgia, renuncio”, brincou o Papa durante uma assembleia com os bispos em maio passado.
A partir daí, os rumores de demissão tornaram-se descontrolados, até ao consistório de sábado.
LUSA/HN
11/06/2022
“Aceitando o pedido dos médicos, e para não estragar os resultados das terapias no joelho, que ainda estão em curso, o Santo Padre foi forçado a adiar a viagem à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul programada de 02 a 07 de julho”, refere o Vaticano, acrescentando não estar “ainda definida nova data” para a viagem.
LUSA/HN
16/04/2022
Em 2020 e 2021, a Via Sacra – ou Caminho da Cruz – foi celebrada numa praça de São Pedro deserta por causa das restrições de combate ao coronavírus SARS-CoC-2.
Este ano, Francisco voltou ao histórico anfiteatro, símbolo da perseguição dos primeiros cristãos, para presidir à Via Sacra, um rito que remonta ao século XVIII e que, depois de cair em desuso, foi retomado em 1959 pelo Papa João XXIII.
Junto ao monumento, milhares de fiéis com velas – 10.000, segundo o Vaticano, que indica como fonte o comando da polícia romana – assistiram ao Caminho da Cruz, assinalando o martírio e a morte de Jesus.
O Papa, como é tradição, assistiu à cerimónia em silêncio num promontório no Monte Palatino, onde se situa a basílica do imperador Magêncio, nos Fóruns Imperiais.
A Via Sacra prosseguirá até quase à meia-noite de hoje, enquanto diversos grupos de famílias passam a cruz até chegar ao Papa que, no final, está previsto que diga uma oração.
Este ano, realiza-se tendo em pano de fundo a invasão russa da Ucrânia, que entrou ontem no 51.º dia, uma questão em relação à qual Francisco já por diversas vezes expressou preocupação.
Uma das estações por onde a cruz passará é protagonizada por duas amigas, Irina e Albina, uma ucraniana e a outra russa, que trabalham juntas num hospital de Roma – uma demonstração de unidade que suscitou o desacordo da embaixada ucraniana no Vaticano e levantou polémica em alguns setores da sociedade.
LUSA/HN