Tratamentos para a DII não devem ser interrompidos na gravidez nem no período pós-parto

Tratamentos para a DII não devem ser interrompidos na gravidez nem no período pós-parto

No âmbito do Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, a APDI foi mais longe e quis dedicar o mês de maio à consciencialização para estas patologias. Para tal, a associação promoveu todas as semanas uma sessão online com especialistas e testemunhos de doentes.

O arranque desta iniciativa decorreu no passado dia 9 com o tema “Quando a cegonha chega e tenho DII – Mitos, Verdades e Dúvidas”. A sessão contou com a participação de Joana Roseira, gastroenterologista do Centro Hospitalar Universitário do Algarve; Jorge Ascensão, psicólogo clínico da APDI e Clara Pisco, doente com DII.

O impacto da doença na fertilidade, na mulher grávida, no pós-parto e na amamentação foram os tópicos “quentes” que marcaram este primeiro encontro.

A sessão contou com o testemunho de Clara Pisco, 41 anos, doente com colite ulcerose e mãe de dois filhos – Pedro e Simão. Na sua intervenção, Clara respondeu a perguntas como: “A ansiedade fez parte do seu dia-a-dia?”, “Viveu a fase da maternidade em pleno?”, “Sentiu-se apoiada?”, “Quais foram os principais medos?” e “Como foi o pós-parto e a amamentação?”.

No webinar, Clara disse ter tido “por sorte” duas gravidezes “muito boas”, períodos em que a DII se manteve estável. “Nunca tive o foco na doença até porque, daquilo que eu ia lendo e daquilo que a minha gastroenterologista me transmitia, sabia que a maioria das mulheres com DII passavam por um período de remissão da doença. Portanto, acreditei que não seria diferente comigo”.

Mas será que o caso da Clara é a realidade de todas mulheres com DII que engravidam? Em resposta, a gastroenterologista explicou que a “DII tem uma etiologia que vai para além da base autoimune. Sabemos que uma doença que está em remissão, no momento da conceção será, muito provavelmente, uma doença em remissão durante toda a gravidez.”

Sobre se a fertilidade é ou não afetada por esta doença, Joana Roseira alerta que a evidência científica sugere que sim, mas em “situações particulares”. “A inflamação que carateriza a DII não é um ambiente favorável a uma conceção de sucesso. Por outro lado, existem duas situações que também podem afetar a fertilidade e que têm a ver com os fármacos e com as cirurgias”. No entanto deixou claro que “a maioria das terapêuticas que temos não afetam a fertilidade”.

Segundo a especialista “a exceção é a salazopirina que pode afetar a contagem e motilidade dos espermatozoides no homem, mas sabemos que se trata de uma alteração reversível. Se o homem manifestar o desejo de ser pai mudamos o tratamento. Em relação às cirurgias, existe uma particular que se sabe que pode diminuir a fertilidade na mulher – quando existe uma remoção de todo o intestino grosso e é construída uma bolsa na pélvis”.

Apesar de Clara ter referido que viveu a gravidez em pleno, admitiu ter sentido que serviu como “exemplo para o hospital”, pois os especialistas que a acompanharam não teriam tido uma outra paciente com DII. O facto de ter sido um caso-novidade, fez com que fossem sugeridas algumas alterações na terapêutica no período da amamentação.

“Recordo-me que os pediatras, na altura, não estavam muito confortáveis com a medicação que estava a fazer e chegaram a aconselhar-me para suspender a medicação”, revela.

Dividida entre as diferentes opiniões, Clara decidiu continuar a medicação durante a amamentação, pois sentia que era a decisão correta.

Surpreendida pelo testemunho da doente, a médica Joana Roseira fez questão de sublinhar a importância de continuar a terapêutica durante todo o processo da maternidade. “Quase toda a medicação que utilizamos para a DII é segura, tanto para a mãe, como para o feto. Aquilo que é realmente um risco é a atividade da doença e as agudizações que acontecem precisamente quando se suspendem os fármacos”.

Sobre a relação médico-doente, o psicólogo clínico da APDI disse ser fundamental nas mulheres com DII. “A comunicação é determinante durante todos os momentos de medo (…) Se existir uma boa relação com a equipa médica, significa que esta será a principal fonte de informação da doente”.

No final da sessão, Jorge Ascensão abordou a pergunta “A depressão no pós- parto é igual nas mulheres com DII? O especialista concluiu que a evidência não é clara, dependendo dos traços de personalidade de cada mulher. No entanto, defende que estas mulheres precisam de ter uma maior atenção a nível de acompanhamento psicológico.

Texto de Vaishaly Camões

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APIFARMA chama atenção para a importância dos testes de diagnóstico na luta contra o cancro

APIFARMA chama atenção para a importância dos testes de diagnóstico na luta contra o cancro

A iniciativa junta diversos especialistas para discutir temas como o papel da literacia em saúde na prevenção do cancro e a importância do diagnóstico precoce na luta contra esta doença.

A APIFARMA destaca em comunicado que “a inovação clínica deu ao diagnóstico laboratorial um protagonismo essencial na luta contra o cancro. Do rastreio da doença, ao apoio no correcto diagnóstico e no tratamento, permitindo que este seja específico e direcionado, o seu papel é essencial na medicina moderna. Uma importância que se estende à monitorização de células cancerígenas não detetadas ou para a existência de metástases e resulta num elevado valor para os doentes, para os prestadores de cuidados de saúde e para o próprio sistema de saúde.”

O webinar será transmitido através do site da APIFARMA.

PR/HN/VC

GSK promove na próxima semana sessão sobre a DPOC

GSK promove na próxima semana sessão sobre a DPOC

A iniciativa dirige-se a doente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e visa promover a “partilha de informação sobre as inovações científicas nesta área”.

Segundo explica a farmacêutica, a segunda dessão da “DPOC Sharing Point Session” será liderada por Miguel Guimarães, pneumologista do Centro Hospitalar Gaia-Espinho.

Este webinar irá focar-se em temas como “Mudar o prognóstico do doente com DPOC” e “Serão todas as Terapêuticas Triplas iguais? Novas evidências”.

Após a apresentação dos especialistas, segue-se um momento de perguntas e respostas para esclarecer todas as questões relacionadas com os tópicos abordados na sessão.

A DPOC é uma doença respiratória crónica que se caracteriza pela limitação crónica do fluxo de ar, falta de ar/dispneia, tosse, pieira e aumento da produção de expetoração, sintomas que podem limitar a capacidade da pessoa para realizar as atividades diárias normais. Atualmente, é a terceira principal causa de morte a nível mundial.

PR/HN/Vaishaly Camões

Especialistas alertam para impacto dos antibióticos na microbiota intestinal das crianças

Especialistas alertam para impacto dos antibióticos na microbiota intestinal das crianças

A iniciativa conta com a participação de Marie-Claire Arrieta do departamento de de Fisiologia, Farmacologia e Pediatria da Universidade de Calgary, Canadá e de Ener Cagri Dinleyici, Presidente de Estudos Pediátricos, Probióticos, Prebióticos, Alimentos Funcionais e Microbiota na Turquia.

De acordo com os especialistas os “1000 primeiros dias de vida são cruciais para a saúde na vida adulta”. “Há diversos fatores que podem interferir com este desenvolvimento e afetar a composição da microbiota, como o tipo de parto, a alimentação, a idade gestacional, o ambiente e os tratamentos com antibióticos”.

O uso excessivo ou indevido de antibióticos é uma das principais causas do desequilíbrio da microbiota intestinal (disbiose).

O webinar visa explicar como se modula o ecossistema intestinal desde o nascimento, quais os fatores que podem alterar a microbiota infantil e por que é importante cuidar dela, principalmente no contexto de tratamento com antibióticos.

PR/HN/Vaishaly Camões

Especialista alerta para a importância de colocar o doente no centro do sistema

Especialista alerta para a importância de colocar o doente no centro do sistema

Numa sessão online promovida pela AUCC, subordinada ao tema “Gestão e Administração de Serviços de Enfermagem”, o especialista em Enfermagem Comunitária começou por enumerar alguns dos desafios que o sistema de saúde tem vindo a enfrentar.

De acordo com o especialista, o envelhecimento da população e a exigência cada vez mais acentuada dos cidadãos, que “querem novas respostas públicas numa área fulcral” como a saúde, são principais reptos do sistema de saúde português.

Apesar de admitir que os últimos governos constitucionais e as autoridades de saúde têm vindo a reconhecer a importância da participação ativa dos cidadãos na promoção de melhores cuidados de saúde, a verdade é que “na prática isso nem sempre acontece”.

Tito Fernandes defende que o “doente constitui o centro do sistema de saúde”, devendo, por isso, ser reconhecido como “gestor, decisor, avaliador e agente de mudança”.

Na sua intervenção, o especialista cita as três fases da centralidade do cidadão defendidas pelo Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. De acordo com Pedro Lopes Ferreira, deve ser garantido a todos os doentes o acesso aos serviços de saúde; facilitada a utilização dos serviços e promovida a literacia em saúde.

“Esta centralidade que estamos a falar requer ainda a avaliação por parte do cidadão dos cuidados que lhe são prestados, até porque a satisfação dos utilizadores tem um impacto substancial na adesão à terapêutica e no recuperar das doenças”, frisa Tito Fernandes.

Segundo o enfermeiro de família é essencial que seja garantida “a monitorização sistemática da opinião dos utilizadores do SNS sobre a qualidade dos cuidados recebidos e do desempenho dos serviços de saúde”.

O especialista considera que a centralidade do doente deve fazer parte das políticas internacionais, nacionais, regionais e das próprias organizações de saúde.

Tito Fernandes conclui que apesar de existirem “experiências que se mostraram bem-sucedidas”, ainda há um “longo caminho a percorrer”.

HN/Vaishaly Camões