Page 11 - Healthnews - Especial Eleições 2024
P. 11

 22 ENTREVISTA
 Joana Cordeiro: “A solução para a falta de médicos de família passa pela contratualização e criação de USF modelo C”
O acesso universal aos cuidados de saúde primários só pode ser conseguido com a contratualização com o setor privado e social, de acordo um dos partidos candidatos às Eleições Legislativas de 2024. Em entrevista ao HealthNews, Joana Cordeiro, cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL) pelo Distrito de Setúbal, destacou algumas das propostas do partido no âmbito da Saúde. A IL, que recusa ter como objetivo a privatização do Serviço Nacional de Saúde, diz que a solução para a falta de médicos de família passa pela criação de USF modelo C.
HealthNews (HN) – No programa eleitoral da
IL, a Saúde surge como o 6o tópico. A Saúde é verdadeiramente uma prioridade do partido caso venha a ser eleito?
Joana Cordeiro (JC) – Sim. Foi mais uma questão de arrumação. Nós definimos cinco grandes objetivos para a legislatura até 2028, dentro dos quais a Saúde. A visão da Iniciativa Liberal pode ser resumida em duas frases: “Mais escolha. Menos espera”. Ora, isto significa que queremos que o acesso à saúde seja verdadeiramente universal, com cuidados de saúde de qualidade, prestados em tempo útil e onde o doente tem liberdade de escolha. Queremos afastar-nos desta discussão sobre o prestador do serviço... Para os doentes devia ser indiferente se é o setor público, social ou privado a prestar os cuidados de saúde. A escolha do doente deveria passar pelo médico e hospital onde quer ser atendido. Era este o princípio que deveria prevalecer.
Sendo a saúde um dos nossos grandes objetivos, o primeiro compromisso que a IL assume é garantir um médico de família para todos até 2028, com uma prioridade antecipada para grávidas, crianças até nove anos e para pessoas com mais de 65 anos. A esta população prometemos médico de família no primeiro mês da legislatura. Assumimos este compromisso, mas já é conhecido que a Iniciativa Liberal na legislatura passada apresentou uma nova lei de bases de saúde, cujo objetivo era enquadrar o novo modelo da saúde. Aquilo que defendemos é um modelo mais aproximado àquilo
que vemos em países como a Alemanha e os Países Baixos.
HN – Considera que é legítimo comparar e posicionar Portugal ao mesmo nível que esses países? São países com economias muito mais robustas.
JC – Temos sempre de posicionarmo-nos ao nível dos melhores ou, pelo menos, ter essa ambição e caminhar nessa direção. Para a Iniciativa Liberal,
o setor a que pertence o prestador do cuidado
de saúde deve ser indiferente. Apesar de muitas vezes sermos acusados de promover uma saúde para ricos e para pobres... A verdade é que é isso que temos atualmente. Hoje em dia, quem não tem alternativa ao Serviço Nacional de Saúde é obrigado a ter de ficar à espera. Esta é a realidade do país. Sabemos também que quase metade da população tem subsistemas e seguros de saúde. Infelizmente, quem não tem ADSE ou um seguro de saúde não tem a possibilidade de escolher. É por isso que a IL defende que esta qualidade e facilidade de acesso deve ser estendida a todas as pessoas. Isso é que é garantir um acesso universal.
HN – Como é que a o vosso partido pretende fortalecer a saúde em Portugal? Vão, como a oposição alega, “retirar dinheiro do SNS para financiar o privado de saúde”?
JC – Não é isso que a Iniciativa Liberal vai fazer. Há vários problemas no Serviço Nacional de Saúde. Temos mais de 1,7 milhões de portugueses sem
   




















































































   9   10   11   12   13