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  26 ENTREVISTA
Crédito da imagem: Por halfpoint, ENVATO
saúde. Não há razão nenhuma para que não exista. Mas há um aspeto ainda mais grave. Nós falamos muito no registo universal, porque abrange todos os prestadores, mas, hoje em dia, este ainda nem sequer existe dentro do próprio Serviço Nacional de Saúde. O que é que isto provoca? Provoca todo um atraso. Quando o Governo contratualizou o atendimento de grávidas em Lisboa e Vale do Tejo a minha pergunta foi: Como é que uma grávida chega a um hospital privado e lá acedem a toda a informação? A minha pergunta não teve resposta... Ora, o próprio Estado quando quer contratualizar tem que resolver este problema. Sem o registo eletrónico único assistimos a muitos atrasos, muita duplicação de exames, consequentemente com custos.
HN – Se a direita defende a colaboração com o setor privado, não faria sentido exigir igualmente a partilha de dados sobre o número de consultas e cirurgias realizadas e os respetivos tempos de espera?
JC – Sem dúvida. O que a Iniciativa Liberal defende é exatamente o mesmo tipo de tratamento
para todas as unidades de saúde, sejam elas públicas, privadas ou do setor social. Portanto, todas estas unidades devem reportar os mesmos tipos de informação, ter os mesmos tipos de transparência, ser avaliadas da mesma forma. De facto, deveríamos ter um ranking que ajudasse
os utentes a escolherem os melhores serviços. Quando tínhamos as PPP, o Hospital de Braga foi classificado várias vezes como o melhor hospital do país.
Mas respondendo de forma concreta à pergunta, sim, nós defendemos que a avaliação tem de ser feita da mesma forma para todas as unidades. Só assim é que as pessoas podem escolher qual o melhor sítio e onde querem ser tratadas.
HN – Há uma área pela qual os portugueses têm vindo a demonstrar forte preocupação: o acesso aos cuidados de saúde oral. No vosso programa nada foi dito sobre esta questão. Qual vai ser a atuação da IL?
JC – Não fomos específicos a esse ponto, mas
é claro que a saúde oral entra na lógica que
é defendida por nós de acesso universal de cuidados para todos. A capacidade instalada
existe e, por isso, aquilo que nós pretendemos é
a contratualização nesta área. Quando queremos que seja o Estado a prestar estes serviços nem sempre tudo funciona bem. Portanto, em vez de se avançar com um investimento que não sabemos como é que vai funcionar, podemos aproveitar
a rede de cuidados de saúde oral que está disponível.
HN – O que é que responderia aos eleitores que acreditam que a Direita quer “dar cabo” do SNS, privatizando-o?
JC – O que defendemos é que todos os setores
da saúde funcionem em pé de igualdade. Todos têm que ter as mesmas ferramentas, o acesso
ao mesmo tipo de equipamentos e as mesmas capacidades de contratação. Isto é que é valorizar o Serviço Nacional de Saúde. Imaginemos que um hospital privado tem um aparelho de TAC avariado, não tenho a mínima dúvida que este aparelho
vai ser substituído de um dia para o outro... Num hospital público isto não acontece. Ora, isto não é justo. A administração de um hospital do SNS devia ter os mesmos mecanismos de autonomia e gestão que o setor privado.
Aquilo a que temos assistido desde 2015 até
este Orçamento de Estado é a um reforço no montante que é atribuído à Saúde, mas se formos perguntar às pessoas, estas não sentem que o Serviço Nacional de Saúde esteja melhor, muito pelo contrário. É verdade que as solicitações são cada vez maiores, mas é por esse mesmo motivo que temos de olhar para o sistema como um todo e analisar qual é a melhor forma de responder
às várias necessidades que são cada vez mais crescentes. Isto é que é valorizar o SNS.
Entrevista de Vaishaly Camões
  










































































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