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32 ENTREVISTA
Bruno Maia: “Não há milagres. Só contratando mais profissionais de saúde”
Para o Bloco de Esquerda, “fazer o que nunca foi feito”, lema da sua campanha, aplica- se “perfeitamente” à saúde. Pela voz do neurologista e intensivista Bruno Maia, cabeça de lista por Braga, o partido apresenta ao HealthNews as suas medidas para robustecer o Estado Social, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde, e propõe a criação de um Serviço Nacional de Cuidados para atuar na infância, na velhice, na dependência e na doença crónica.
HealthNews (HN) – “Fazer o que nunca foi feito” aplica-se também à saúde? Se sim, é possível já no próximo Governo?
Bruno Maia (BM) – Aplica-se perfeitamente à saúde. No nosso programa da saúde, fazer o que nunca foi feito significa: trazer a saúde oral para o Serviço Nacional de Saúde, trazer a saúde mental para o Serviço Nacional de Saúde, trazer uma parte da saúde visual para o Serviço Nacional de Saúde, áreas da saúde que ficaram sempre esquecidas, ficaram sempre de fora ao longo dos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde. Está mais do que na hora de o fazermos. Se há dinheiro? É claro que
há dinheiro. Provavelmente, o problema não é dinheiro, é uma questão de organização. Se o Brasil que é um país com muito mais dificuldades económicas que Portugal consegue ter uma saúde oral superior à nossa, porque é que nós não haveremos de conseguir. É possível fazê-lo; existe
cabimento orçamental. O Bloco apresentou as contas todas muito bem feitas.
Fazer o que nunca foi feito significa isso. Mas significa mais do que isso, penso eu. Significa
uma valorização das carreiras dos profissionais
de saúde para além daquilo que alguma vez foi feito; que nós consigamos abrir a possibilidade aos profissionais de saúde de poderem estar em exclusividade no Serviço Nacional de Saúde, com ordenados majorados, com reconhecimento da sua carreira ao nível de investigação, ao nível do ensino, ao nível da gestão das unidades de saúde, como nunca foi feito; e que essa valorização reconheça uma coisa que hoje os jovens profissionais de saúde tanto valorizam, que é a conciliação da vida profissional com a vida privada, e isso é uma preocupação central no programa de Saúde e no programa para o Trabalho do Bloco.