Page 22 - Healthnews - Especial Eleições 2024
P. 22

  44 ENTREVISTA
Crédito da imagem: DC_Studio, ENVATO
valias de descentralizar e promover a articulação dos diferentes setores?
RP – Uma das mais-valias diz respeito ao aumento do acesso. A colaboração com as farmácias permite reduzir o número de doentes nas urgências. Temos muitas situações que podem ser resolvidas com alguns cuidados básicos.
HN – Mas isto não pode incomodar outras classes profissionais? Quando foi alargada a vacinação de gripe às farmácias, os enfermeiros contestaram e mostraram-se altamente críticos...
RP – Recentemente reunimos com o sindicato
dos enfermeiros do Minho e aquilo que nos
foi dito foi que o investimento passado para as farmácias poderia ter sido suficiente para melhorar e recuperar horas perdidas na carreira de alguns profissionais.
No que toca à questão do atendimento de situações clínicas ligeiras nas farmácias, não houve qualquer queixa por parte dos profissionais de saúde. Estamos a falar de casos como sinusites
e que podem ser tratadas a partir da prescrição de um medicamento de modo simples. Se o diagnóstico do doente demonstrar que não é possível ser tratado na farmácia, estas devem avançar com o encaminhamento para o centro de saúde.
Portanto, não se trata de tirar competências aos médicos ou enfermeiros, trata-se de facilitar o acesso aos cuidados de saúde.
HN – A saúde da mulher é um outro aspeto que marca o vosso programa. Quais as medidas que se destacam?
RP – No nosso programa, e na Assembleia da República, apresentámos várias medidas para erradicar a pobreza. Muitas jovens têm de recorrer a panos e lenços para substituir pensos higiénicos.
Neste sentido, o PAN defende a distribuição gratuita nas escolas e a isenção de IVA para estes produtos.
Por outro lado, defendemos que seja garantida a efetiva aplicação da lei da gestação de substituição.
No fundo, o nosso programa é muito desenvolvido nesta área da saúde da mulher. Sabemos que existem vários problemas a nível da violência obstétrica e existe alguma ignorância sobre a endometriose e, por isso, vamos a continuar
a insistir na licença menstrual que é da mais elementar justiça social.
HN – No vosso programa, falam na "regulamentação urgente da lei que regula a morte medicamente assistida". Como preveem o desfecho deste capítulo que já há muito se prolonga?
RP – Esta é uma das questões que está em jogo nestas legislativas. Trata-se de um assunto que distancia os progressistas dos conversadores. Queremos avançar com a morte medicamente assistida. É uma causa humanitária progressista, mas temos assistido a sucessivos entraves, quer seja da parte do Presidente da República, quer seja ao nível dos partidos na Assembleia da República.
HN – Uma nota final
RP – Uma vez que não se fala muito nas entrevistas da saúde preventiva, é preciso estabelecer que pelo menos 1% do orçamento para a Saúde é dedicado à prevenção. Falo nomeadamente dos rastreios... A melhor forma de tratar doenças é preveni-las.
Entrevista de Vaishaly Camões
  












































































   20   21   22   23   24