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46 ENTREVISTA
Raquel Pichel: “Queremos implementar o estatuto do clínico-investigador”
Que “Contrato com o Futuro” propõe o LIVRE para o país? Na saúde, são cinco os eixos prioritários: reforçar e reorganizar o Serviço Nacional de Saúde; valorizar as carreiras profissionais no SNS; promover a saúde e prevenir a doença; humanizar os cuidados de saúde e investir na saúde mental. O HealthNews questionou uma médica candidata pelo círculo eleitoral do Porto sobre todos eles. “Na área da saúde, acreditamos
que é preciso continuar a reforma do SNS, e vamos, claro, observar atentamente o alargamento do modelo de ULS”, frisou Raquel Pichel.
HealthNews (HN) – O LIVRE apresenta-se aos portugueses com o lema “Contrato com o Futuro”. Esse contrato rompe com as políticas anteriores ou continua a reforma iniciada pelo Governo socialista recentemente?
Raquel Pichel (RP) – O nosso programa chama-se Contrato com o Futuro, e começamos com uma frase que é: “Perante o medo, a esperança”. Isso é transversal a todas as áreas em que apresentamos as nossas medidas. Na área da saúde, acreditamos que é preciso continuar a reforma do SNS, e vamos, claro, observar atentamente o alargamento do modelo de ULS. Portanto, um dos principais pontos que defendemos é reforçar e reorganizar
o Serviço Nacional de Saúde. Defendemos que compete ao Estado assegurar a proteção da saúde, que esta deve ser universal, gratuita e adequada às características da população em todo o território.
Sim, defendemos o SNS como principal prestador dos cuidados de saúde, mas compreendemos que a sua ação pode ser complementada pelos setores privado e social, nas áreas onde se considera
que não há recursos que permitam garantir uma resposta adequada do SNS por si só, sendo que esta relação deve ser transparente, honesta e regulada – algo que achamos que tem de ser significativamente melhorado face às políticas que têm estado em vigor, e sempre no sentido da
capacitação da oferta pública.
HN – O que é que propõem para os cuidados de saúde primários e hospitalares?
RP – Relativamente aos cuidados de saúde primários, nós queremos cuidados de proximidade fortalecidos, não só com médicos e enfermeiros, mas também com outros profissionais de saúde e assistentes técnicos. E concretamente, em termos de cuidados de saúde primários, algumas medidas que defendemos são: a redução do número de utentes na lista de cada médico de família, para 1500 utentes por médico; queremos garantir
a todas as pessoas em Portugal um médico de família. Para tal, achamos necessário garantir condições de atratividade e de funcionamento, para que os profissionais se sintam atraídos e convencidos a permanecer no SNS, tendo todas
as condições para exercer o seu trabalho o melhor possível.
Relativamente à área hospitalar, reiteramos que é necessário continuar esta reforma e reorganização do Serviço Nacional de Saúde, com o alargamento das Unidades Locais de Saúde a todo o território nacional, acompanhado por um modelo de
gestão integrada dos centros hospitalares, nomeadamente dos Agrupamentos de Centros de Saúde, da Rede Nacional de Cuidados Continuados.