Page 24 - Healthnews - Especial Eleições 2024
P. 24

 48 ENTREVISTA
Ou seja, tudo isto estar integrado para que consigamos avaliar e, também, a partir daí corrigir e fornecer os melhores cuidados possíveis.
Na área hospitalar, também é importante
falar sobre os serviços de urgência. Queremos garantir que há um funcionamento em rede dos serviços de urgência de forma acessível a toda a população, cumprindo com os rácios necessários de profissionais de saúde para que possam ser prestados cuidados de saúde de qualidade, e que comece com os serviços de urgência básica em centros de saúde, aliviando a pressão a jusante, nos cuidados hospitalares. Neste ponto também há várias medidas específicas, como alterações
e gestão das equipas e da contratação de profissionais.
HN – Falam em nutrição, saúde mental, saúde oral no SNS, entre outras áreas.
RP – Como mencionei na vertente dos cuidados de saúde primários, queremos incluir nas
equipas profissionais e técnicos de diversas áreas que achamos essenciais, uma vez que um dos principais pilares que defendemos é promover a saúde e prevenir a doença. Achamos que isto deve ter uma abordagem integrada, não só diretamente através dos prestadores de cuidados de saúde, mas também através da integração desta área
em todas as outras: defendemos a saúde em todas as políticas. E, não esquecendo o nosso pilar ecologista, reconhecemos também que a emergência climática e as crises ambientais têm um enorme impacto na saúde, e queremos, claro, preparar-nos para essa realidade.
HN – Ao longo do programa, mencionam algumas vezes as métricas e recompensas. Para o LIVRE, esta é uma boa forma de melhorar os cuidados? Alguns médicos têm alertado para o perigo de alguns indicadores nas USF. Dizem mesmo que podem colocar os doentes em perigo, no que diz respeito, por exemplo, à prescrição de exames.
RP – O ponto das métricas e recompensas aborda muito a questão de redefinir esses objetivos,
com métricas claras que melhorem o estado da população, sempre através da prestação dos melhores cuidados de saúde. A recente revisão do modelo de financiamento das USF modelo B é bom exemplo do caminho que não devemos seguir.
Ou seja, é importante avaliar e redefinir essas métricas.
Nós defendemos logo no início da legislatura que é importante haver um diálogo entre as mais diversas partes envolvidas, desde profissionais de saúde, nos seus sindicatos e ordens profissionais, a instituições que prestam os cuidados de saúde, associações de doentes e de estudantes das áreas da saúde. Portanto, juntar todos num diálogo abrangente para que se possa chegar efetivamente a conclusões, nomeadamente de quais seriam
as métricas claras que beneficiariam os cuidados de saúde para, se promovermos o cumprimento destes objetivos, podermos pensar numa recompensa profissional e institucional.
HN – As listas de espera para consultas, exames e cirurgias são também uma preocupação
do LIVRE? O partido procurará melhorar os resultados que temos atualmente em Portugal?
RP – Sem dúvida que a resposta às listas de espera integra em grande parte a resposta do Serviço Nacional de Saúde que nós queremos reforçar. Achamos que estas medidas que temos, que investem e que querem valorizar e reforçar o nosso Serviço Nacional de Saúde, se vão concretizar numa melhor resposta à população e, diretamente, diminuir esses tempos de espera.
HN – O primeiro eixo prioritário do programa do LIVRE é: reforçar e reorganizar o SNS. Quer explicar melhor como tencionam fazê-lo?
RP – Reforçava um ponto que mencionei: é necessário auscultar todas as partes para que possamos fazer este trabalho em conjunto
e, efetivamente, chegar a bons resultados. Acompanhar o alargamento do modelo de
ULS a todo o território, como referi, enquanto tornamos o acesso a cuidados de saúde mais fácil e
equitativo, aumentando o financiamento do SNS e renovando e reabilitando as suas infraestruturas.
HN – Em segundo lugar, falam em valorizar as carreiras. De que forma vão concretizá-lo e conseguir competir com as ofertas aliciantes do privado ou do estrangeiro?
RP – Como temos vindo a mencionar, é preciso conhecer essas ofertas para estarmos em pé de igualdade, haver uma concorrência justa, para que possamos, sabendo esses valores, chegar, através de negociação, a uma remuneração que garanta ordenados dignos aos nossos profissionais de saúde. Esse é um dos pontos: a revisão da remuneração de todos os profissionais de saúde.
Mas achamos que não é só a remuneração
que importa. É necessário, também, cuidar dos nossos profissionais; damos prioridade à saúde mental dos portugueses e dos profissionais de saúde que prestam os cuidados. Paralelamente com a melhoria da remuneração, é importante implementar políticas que combatam o
burnout dos profissionais de saúde. Desde a pandemia, notamos que existe uma exaustão dos profissionais, que exige um reconhecimento do seu valor com medidas que respondam aos seus apelos.
E não podemos fugir ao óbvio: aumentar salários e rever carreiras (e melhorar o regime de dedicação plena de médicos, pensando em alargá-lo a outros profissionais do SNS), porque um SNS robusto
só o é com todos e todas as profissionais que o compõem.
HN – Pretendem também humanizar os cuidados de saúde. O que é que isso implica?
RP – O LIVRE acredita que as pessoas com doença devem estar no centro dos cuidados, independentemente de quem seja o prestador, e, portanto, esta parte de humanizar os cuidados de saúde assenta em garantir cuidados de saúde mais próximos e livres de qualquer tipo de discriminação. Já falámos nalguns pontos nas
Unidades de Saúde Familiar, mas também implica uma melhor resposta nos cuidados domiciliários, cuidados paliativos e continuados são também essenciais nesta humanização, entre outros pontos, nomeadamente envolvendo pessoas idosas ou noutra situação vulnerável que seja necessário considerar.
HN – Cuidados continuados e paliativos e envelhecimento da população são temas que preocupam os portugueses. De que forma trabalhará o LIVRE para garantir cuidados para todos? Têm medidas concretas e importantes nesta área?
RP – Sim. Achamos que é essencial reforçar as equipas de cuidados paliativos, com um foco em cuidados paliativos de proximidade, de preferência que possam ser fornecidos em casa dos doentes, garantindo a dignidade e o respeito da vontade de cada um no fim de vida. Isto interliga-se também com a questão de pessoas idosas ou das pessoas em situação vulnerável. Queremos que elas também consigam manter, dentro do possível,
a sua autonomia e permanecer nas suas casas
se assim for a sua vontade, evitando uma ida desnecessária para lares ou outras instituições. Nisso, temos de facilitar as condições, acompanhar os familiares e reforçar e agilizar o acesso ao estatuto do cuidador informal.
HN – Que relação entre público e privado defende o LIVRE?
RP – Comecei por dizer que nós defendemos
o Serviço Nacional de Saúde como o principal prestador de cuidados. Reforço essa afirmação, que é efetivamente importante e é a nossa visão. No entanto, achamos que a sua ação pode ser complementada pelos setores privado e social nas áreas onde não há recursos que permitam o SNS, por si só, dar uma resposta adequada aos seus utentes. Aí, é importante que se mantenha uma relação de transparência, honestidade e uma maior regulação.
Em concreto, uma das medidas que propomos é
  

























































   21   22   23   24   25