A ADENEX acusa ainda o Conselho de Segurança Nuclear de permitir esse tipo de comportamento.
“Em 14 de abril, começou o desligamento obrigatório do núcleo da Unidade I da central nuclear de Almaraz, programada para 15 de março e adiada até que o estado de alarme passasse. Portanto, o CSN (Conselho de Segurança Nuclear) autorizou isso em abril, após o primeiro período de alerta”, refere, em comunicado, a ADENEX.
Os ambientalistas denunciam este “comportamento imprudente” dos proprietários da central nuclear de Almaraz e acusam o Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol de o permitir.
A central nuclear de Almaraz tinha anunciado, no dia 20 de março, o atraso no início do próximo reabastecimento da Unidade I até que as condições sócio-sanitárias geradas pela epidemia de covid-19 o possibilitem.
“O objetivo é limitar ao máximo o impacto do atraso na recarga”, explicaram à agência noticiosa espanhola EFE fontes da central nuclear de Almaraz.
Esta recarga da Unidade I, que estava prevista para dia 29 de março, foi reagendada para 14 de abril, dia em que será conduzida uma “operação de menor alcance” para reabastecer a referida unidade.
Os ambientalistas sustentam que apesar do prolongamento do confinamento, o Ministério da Energia considerou que a eletricidade do grupo proprietário de Almaraz (a central possui dois reatores) é essencial neste momento em que a procura de energia caiu para 15%.
“Tanto a CSN quanto o Ministério [Energia] preferem correr o risco de uma contaminação do que interromper a central até ao final do confinamento. Mas, o mais sério é que a CSN tornou possível realizar o desligamento sem passar pelas inspeções, controles e ajustes gerais de manutenção adequados, deixando-os para serem feitos posteriormente”, sustentam.
Explicam ainda que a paragem atual é apenas para substituir o combustível usado e adianta que se não for feito nesta altura, “o reator em questão [Unidade I] deverá ser forçado a parar por segurança”.
“A ADENEX exige mais rigor nas decisões técnicas de uma CSN que deve garantir, acima de tudo, a segurança nuclear, sabendo que o combustível é trocado sem poder realizar inspeções relacionadas à sua operação com potência máxima. E, principalmente quando nessas condições não é um serviço essencial, pois produzimos o dobro de energia para o sistema elétrico que consumimos”, concluem.
Os proprietários da central de Almaraz são a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).
Situada junto ao rio Tejo faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.
A central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.
LUSA
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