Conjuntivites virais e alérgicas: como se distinguem e a melhor forma de as tratar

28 de Abril 2020

Ainda que não seja frequente, a conjuntivite pode ser uma das formas de apresentação da COVID-19

Nuno Campos, oftalmologista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) confirma que assim é e acrescenta “ser impossível distingui-la, só pelos sintomas oculares, de outras conjuntivites virais”. Mas esclarece: “neste caso, todos os outros sintomas respiratórios, a febre e a existência de contactos de risco, podem levantar a suspeita que poderá ser confirmada por teste laboratorial”.

Estamos numa altura do ano em que não só é possível, mas é sobretudo muito comum a ocorrência de conjuntivites alérgicas. Como distingui-las então de outros problemas? O especialista da SPO esclarece que este tipo de conjuntivite, a alérgica, “surge normalmente em doentes já com história conhecida de doença alérgica, tendo normalmente um padrão sintomático habitual e bilateral”.

Os sintomas, esses são fáceis de identificar: “prurido, lacrimejo persistente e vermelhidão ocular, com pouca ou nenhuma secreção, e pouca afetação da visão”. São, refere o médico, “muitas vezes episódios que se repetem, ano após ano, de forma crónica, e que são tratados com anti-histamínicos tópicos, lágrima artificial e, mais raramente, com colírios de corticoides, nos casos mais graves, sendo a evolução muito favorável em poucos dias”.

Já as conjuntivites virais costumam surgir de forma mais súbita, “inicialmente unilateralmente, podendo, numa fase mais avançada, envolver ambos os olhos, com vermelhidão mais marcada, maior compromisso da visão, incómodo já com alguma sensação de dor, secreção mais abundante, embora não purulenta”.

Cabe ao oftalmologista, através da observação em consulta, fazer o diagnóstico e decidir qual o melhor tratamento que, “no caso da conjuntivite viral, é essencialmente sintomática e de suporte, já que não há tratamento específico”, esclarece o médico.

Por cá, as conjuntivites alérgicas são relativamente comuns, “sem gravidade significativa e não são transmissíveis, sendo a conduta defensiva o evitar os alergénios conhecidos, aos quais se seja sensível”, enquanto as virais, essas “são bastante contagiosas, sendo comum variados elementos da mesma família serem afetados, e de uma forma muito rápida”.

Em caso de dúvida, o especialista reforça ser “totalmente seguro consultar, mesmo na fase de contingência que vivemos, o seu médico oftalmologista, que está disponível para observar casos prioritários, ou procurar uma urgência de Oftalmologia, estando todas a funcionar normalmente e de forma completamente segura”. E, acrescenta, é já conhecida a posição pública da SPO e do Colégio da Especialidade da Ordem dos Médicos, que aconselha o uso de máscara em contexto social e em locais fechados, “melhorando assim a segurança do próprio e daqueles que o rodeiam, reduzindo igualmente a normal tendência para tocar na face com as mãos, que pode constituir um importante vetor de infeção”.

HN

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