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Informação em Saúde. As Duas Faces da Moeda…
Numa era em que a informação, sobre saúde ou outro assunto qualquer, é tão acessível, tão abundante, tão barata, para quê a existência de canais especializados?
Sendo tão simples obter elementos sobre o que quisermos na internet, nas redes sociais, para quê ler livros, comprar revistas ou jornais ou perder tempo à procura das melhores fontes?
Em suma, qual o interesse deste novo canal de comunicação dedicado à saúde?
A resposta é simples e directamente proporcional à quantidade e facilidade de aquisição de informação sobre saúde: quanto maior a quantidade e maior a facilidade, mais importante se torna a existência de portos de abrigo a que podemos recorrer para, verdadeiramente, ficarmos informados.
Já abordei este tema anteriormente e ele nunca se esgota. Pelo contrário, ganha cada mais força nesta fúria descontrolada de informação não filtrada, não validada, intencionalmente enganadora ou ingenuamente partilhada.
O crescimento das notícias falsas e, mais recentemente, dos vídeos falsos (deepfake videos), a sua progressiva sofisticação, criou um terreno fértil e profundamente perigoso para a adopção de comportamentos errados, para a transmissão de noções incorrectas, para a deturpação dos procedimentos adequados, tudo isto potenciado pela ligeireza com que os utilizadores da internet e das redes sociais partilham essa (des)informação, quase sempre sem a lerem completamente, sem saberem de onde veio e, ao fazê-lo, reforçam a credibilidade do que não a tem e induzem em erro as pessoas que lhes são próximas, uma vez que estas assumem que, se a informação vem de alguém conhecido, é porque é credível.
Esta cascata de enganos, de mentiras, de fantasias mina todo o trabalho que é feito em nome da adopção de comportamentos saudáveis, em nome da qualidade de vida, arrasa o esforço investido na prevenção, na divulgação do que são as doenças, como é feito o seu diagnóstico e quais opções de tratamento.
Não sei qual a solução para o actual estado de coisas. Não sei como reverter o fluxo de notícias falsas, de informações sobre saúde que estão a léguas da realidade e da verdade. Mas sei que existem duas coisas muito importantes.
Uma é nunca deixarmos de alertar as populações para a importância de verificarem a origem do que consultam, quem são os autores, qual a data da redacção, de lerem a informação até ao fim e não se ficarem pelo título ou pelo primeiro parágrafo e de a compararem com outras informações sobre o mesmo tema. Eu sei que dá trabalho, mas, se não for assim, a perda de tempo e os custos no que se refere à ansiedade, preocupação e em tratamentos errados serão incomparavelmente maiores.
A segunda é criarem-se canais como este, organizados por profissionais com experiência reconhecida que comunicam entre si, que estão em permanente contacto com a comunidade científica, que se actualizam e que, sobretudo, pretendem verdadeiramente informar e contribuir para melhorar a saúde das comunidades onde se inserem.
O jornalismo da saúde é uma diferenciação do jornalismo, como o é o jornalismo político, económico ou cultural. Implica formação, estudo, treino e experiência. E vive das relações estabelecidas com Instituições como as Ordens, as Faculdades, os Hospitais, os Centros de Investigação e a Indústria Farmacêutica.
A saúde é, por definição, dinâmica, imparável, incerta e subjectiva. Implica dedicação, rigor e muito bom-senso. Implica paixão e atenção. Humildade e ética.
Tudo o que se diz ou escreve sobre saúde tem um tremendo impacto em todos e pode ser a diferença entre a vida e a morte, entre procurar ajuda ou ficar em casa, entre a auto-medicação ou a prescrição médica, entre a vacina ou a indiferença, entre o exagero e o desprezo, entre tudo e nada.
É, por isso, essencial que existam canais assim, a que todos tenham acesso e onde todos saibam que o que lá encontram foi pesquisado, pensado e escrito por quem se dedica a estes assuntos e que, por isso mesmo, serão os primeiros a, sempre que necessário, rever, corrigir, emendar, actualizar a informação publicada, por saberem que, no que à saúde diz respeito, existem verdades imutáveis (poucas) e factos em constante mutação (imensos).
É, por isso também, que tenho sempre gosto em fazer parte de projectos idóneos, isentos, sérios que fazem eco da melhor informação disponível, que a pesquisam, organizam e apresentam de modo descomplicado, acessível e claro, cumprindo assim uma das missões mais nobres dos tempos modernos: informar e, ao informar, formar.
A informação em saúde tem, como quase tudo na vida, duas faces. Importa saber fazer escolhas e, sobretudo na saúde, não nos limitarmos a lançar a moeda e deixar que a sorte decida por nós. Como já referi, dá mais trabalho mas acreditem que compensa…
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