Equipas de investigação da Ruhr-Universität Bochum (RUB) e do Hospital Universitário de Essen identificaram as partes do vírus Sars-Cov-2 às quais o sistema imunitário humano reage: além da proteína spike, que tem sido o foco até agora, duas outras proteínas podem também desencadear uma forte resposta imunitária. Esta descoberta é relevante para o desenvolvimento de testes de diagnóstico e vacinas. “Não devemos concentrar-nos exclusivamente na proteína do pico”, diz a investigadora principal do estudo, a Professora Nina Babel, do Centro de Medicina Translacional do Hospital de Marien Herne, o hospital universitário da RUB. O estudo, que está atualmente a ser revisto por peritos independentes, está disponível online num servidor de pré-publicação.
Abordagens baseadas em experiências com Sars e Mers
O nosso sistema imunitário pode reagir a componentes de vírus, produzindo anticorpos ou células imunitárias específicas. “Consequentemente, a identificação destes componentes desempenha um papel crucial tanto para a prova de imunidade como para o desenvolvimento de vacinas”, diz o Professor Oliver Witzke, do Hospital Universitário de Essen. Até agora, os investigadores concentraram-se na chamada proteína spike, uma proteína que é importante para a entrada do vírus Sars-Cov2 nas células de um doente infetado. Esta abordagem baseia-se em descobertas de epidemias anteriores de vírus corona de 2002/2003 e 2012, ou seja, Sars e Mers.
São possíveis respostas imunitárias muito diferentes
Contudo, os investigadores das duas universidades do Ruhr mostraram agora que duas outras proteínas estruturais do vírus, as chamadas proteínas da membrana e do Nucleocapsídeo, podem também desencadear uma forte resposta imunitária. Um estudo envolvendo mais de 30 pacientes com infeção por Covid-19 mostra que podem ocorrer respostas imunitárias muito diferentes. “Enquanto alguns pacientes desenvolveram principalmente uma resposta imunitária contra a proteína “spike’ (proteína de espigão), utilizada pelo vírus para infetar células humanas, a mesma proteína desempenhou apenas um papel menor noutros”, explica o Professor Ulf Dittmer, Director do Instituto de Virologia do Hospital Universitário de Essen. “Curiosamente, a resposta imunitária mais forte, em média, foi desencadeada pela proteína da membrana, e não pela proteína de “espigão”, diz o Professor Timm Westhoff, do Hospital de Marien Herne.
“Embora a prova final do efeito antiviral das células imunitárias identificadas ainda esteja pendente, a caracterização detalhada aponta para o seu potencial protetor”, acrescenta Nina Babel. “Ao desenvolver testes e vacinas, não devemos, portanto, concentrar-nos apenas na proteína spike, como tem sido o caso até agora”.
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