“Em Portugal não existe a especialidade de Medicina de Urgência e Emergência, o que existe é uma proposta que já foi entregue no ano passado à Ordem dos Médicos para que seja criada e que nasceu no seio do Colégio de Emergência Médica da Ordem”, disse o médico Vítor Almeida.
Na Europa apenas cincos países, nos quais se encontra Portugal, não têm esta especialidade, que inclui a urgência hospitalar, emergência pré-hospitalar, intra-hospitalar e inter-hospitalar, assim como a medicina de catástrofe, explicou Vítor Almeida, anestesista com a “Competência em Emergência Médica” e também especialidade em Medicina Geral e familiar.
“A sociedade agora criada segue essencialmente esse objetivo primordial que é promover a criação da especialidade, além de uma série de outros objetivos”, como a formação, cooperação com peritos e organizações congéneres nacionais ou estrangeiras, divulgação de documentos científicos ou o estímulo à investigação.
Também pretende promover a representação socioprofissional dos médicos que exercem Medicina de Urgência e Emergência em Portugal.
“Temos que valorizar quem já está no terreiro e temos que criar condições para na futura geração criarmos corpos clínicos devidamente formados e especializados nesta área”, defendeu Vítor Almeida.
O anúncio da criação da sociedade científica acontece na véspera de se assinalar o Dia Internacional da Medicina de Emergência e Urgência e numa altura em que o mundo combate a pandemia de covid-19.
Para os fundadores da sociedade, o Serviço Nacional de Saúde (SNS), no seu global, “demonstrou claramente capacidade para responder aos doentes covid”.
“Trabalhou muito bem, demonstrou-se um saber e uma capacidade de organização que nos deve orgulhar, não obstante é preciso perceber que os doentes não covid também devem ou não podem ser esquecidos numa pandemia como esta”, salientou.
Existe também o apelo público da Sociedade Europeia de Medicina de Urgência e Emergência que defende “uma resposta mais homogénea a nível europeu” e a criação de “mecanismos não só de Proteção Civil, mas também de formação médica e de homogeneização da capacidade médica de cada país para responder, por um exemplo, a um contexto deste que é transnacional, transfronteiriço e que envolve todos os países europeus”.
“Se todos falarmos a mesma língua a situação torna-se muito mais fácil”, salientou.
Segundo Vítor Almeida, o que falta em Portugal é que as equipas fixas que já estão no terreno tenham “uma especialidade nuclear de forma uniforme”.
“O que sabemos é que grande parte dessas equipas fixas em Portugal inclui no seu corpo clínico médicos indiferenciados, isto é, médicos que não percorreram um caminho de uma especialização, por exemplo, como Medicina Interna, Cirurgia, Anestesiologia ou Pediatria”, declarou.
O especialista explicou que se pretende promover essa especialidade por duas vias, uma das quais criando o currículo português que segue o europeu, baseado em cinco anos de formação contínua. Aos médicos que hoje já exercem mediante uma validação curricular e uma especialidade já concluída deve ser equacionada a possibilidade de uma dupla titulação mediante apresentação de um currículo validado.
A SPMUE foi fundada por duas de dezenas de médicos com ‘background’ de medicina de urgência e emergência, incluindo em grande parte o pré-hospitalar.
“Muitos deles já foram dirigentes ou pertenceram ao Colégio de Emergência Médica da Ordem dos Médicos e grande parte foram diretores de serviço ou de equipas fixas de urgência que lideraram os processos, nomeadamente no âmbito da covid-19, de Vila Real até Portimão”.
LUSA/HN
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