O epitélio intestinal é a camada interior das paredes intestinais que separa o tecido do hospedeiro da microbiota intestinal.
Esta camada de células desempenha um papel essencial na absorção de água, eletrólitos e nutrientes enquanto limita a entrada de bactérias, vírus, fungos, toxinas e antigenes no tecido do hospedeiro para assegurar a homeostasia.
As diversas funções levadas a cabo pelo epitélio intestinal são suportadas por múltiplas células do epitélio especializadas que são substituídas entre cada três a cinco dias de uma reserva de células estaminais intestinais. Isto faz com que o epitélio seja um dos tecidos que mais rápido regenera nos mamíferos adultos.
Que caminhos podem tomar as células do epitélio intestinal na sua regeneração?
A diferenciação do epitélio é largamente controlada pela atividade dos fatores de transcrição de tecidos específicos. O acesso ao ADN é providenciado pela cromatina, enquanto a heterocromatina compactada limita o acesso dos fatores de transcrição ao ADN.
Investigadores no Centro para as Terapias Regenerativas da Universidade de Dresden investigaram a importância da regulação da formação de heterocromatina no epitélio intestinal e publicaram as suas conclusões no prestigiado jornal científico internacional Gut.
No seu estudo, a equipa do professor Sebastian Zeißig demonstrou o papel essencial da proteína SETDB1 envolvida na criação de heterocromatina durante a diferenciação das células do epitélio intestinal, e a sua importância para a prevenção de inflamações. Os cientistas observaram através de ratos as consequências da perda de enzimas nas células estaminais intestinais: retrovírus endógenos que representam uma parte relevante do genoma humano, quando acumulados ao longo de poucos dias, levam à danificação de ADN, à morte de células inflamatórias, e à perda de células estaminais presentes no epitélio intestinal bem como das células diferenciadas do epitélio. O fenómeno observado limita a absorção de fluidos e nutrientes, causa inflamações intestinais e leva inevitavelmente à morte após alguns dias.
“O nosso estudo revela uma importância fundamental do SETDB1 e da formação de heterocromatina na manutenção da estabilidade do genoma epitelial e no controlo da homeostasia intestinal”; explica o professor Sebastian Zeißig líder do grupo de trabalho e médico na Clínica Médica I do Hospital Universitário Carl Gustav Carus Dresden. “Ainda é preciso ver se as mutações neste gene conseguem também contribuir para inflamações intestinais em humanos”.
O estudo foi financiado pela Universidade de Dresden no âmbito da Iniciativa de Excelência Alemã e apoiado pelo Centro DRESDEN-concept Genome e pelas instalações de microscópios da Plataforma CMCM da Universidade de Dresden.
NR/HN/ João Daniel Ruas Marques
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