O descanso raramente ajuda a combater a fadiga, que pode acompanhar o paciente constantemente.
“Em adição à dor, a fadiga profunda reduz a qualidade de vida de muitas pessoas, ainda mais que o inchaço nas articulações”, explica o Presidente da EULAR, o professor Dr. Iain B. McInnes. Ainda assim, os médicos raramente prestam atenção suficiente a este facto e não ajustam a terapia de acordo.
Um estudo recente conduzido na Bélgica ao longo de dois anos examinou questões sobre o tratamento precoce e intensivo da AR diretamente após o diagnóstico, que teve um impacto positivo no decorrer da doença e oferece uma oportunidade de gerir melhor a fadiga. Utilizando a mesma abordagem, também examinou se estes mecanismos poderiam ser aplicados a pacientes com menor risco de progressão da doença.
“Até 90% dos pacientes com AR reportou fatiga”, disse o Dr. Diederik De Cock da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, que conduziu o estudo juntamente com a sua equipa. A fadiga tem um grande impacto nas vidas dos pacientes e é vista por muitos como difícil de gerir. “O início da doença pode fornecer uma oportunidade para gerir a fadiga”.
Oitenta doentes com um perfil de baixo risco foram selecionados para o estudo – o perfil de risco baseia-se, entre outras coisas, numa ficha médica com poucas incidências. Distribuídos aleatoriamente entre dois grupos de 38 e 42 pacientes, os sujeitos receberam imediatamente após o diagnóstico monoterapia com 15 mg de methotrexate semanalmente, ou uma combinação de terapia de 15 mg de methotrexate mais cortisona (prednisona) a começar em 30 mg semanais mas que deveria passar para as 5 mg. O Methotrexate suprime a doença e a reação inflamatória aguda, enquanto a prednisoa tem um forte efeito anti-inflamatório e é aconselhável para reduzir a dor e inflamação nas articulações de forma rápida.
O resultado: pacientes que receberam tratamento intensivo com a combinação terapêutica dos dois medicamentos durante dois anos estavam menos cansados que os pacientes da monoterapia, incluídos no grupo de controlo – apesar de a atividade da doença ter sido equiparável ao longo do tempo. Os níveis de fatiga entre os dois grupos foram ficando mais díspares com a progressão do tempo.
“Isto sublinha a importância de iniciar o tratamento ótimo e intensivo numa fase inicial da doença, mesmo que o paciente seja de chamado “baixo-risco””, explica o representante da EULAR no Congresso anual da associação, o professor Dr. John Isaacs, da Universidade de Newcastle. Infelizmente, isto não é ainda prática comum. O estudo mostra claramente como os níveis de fatiga na fase precoce da AR podem ser significativamente melhorados, conclui o presidente do congresso.
Cerca de 1% de todas as pessoas no mundo sofre de AR – de acordo com os números publicados pela EULAR no seu congresso anual.
NR/HN/João Daniel Ruas Marques
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