Obesidade maternal aumenta as probabilidades de cancro no fígado dos descendentes

25 de Junho 2020

Os Cientistas embora reconhecem a ligação entre a obesidade materna e o cancro do fígado nas suas crias, ainda assim, o mecanismo não está totalmente compreendido. No novo estudo conduzido […]

Os Cientistas embora reconhecem a ligação entre a obesidade materna e o cancro do fígado nas suas crias, ainda assim, o mecanismo não está totalmente compreendido. No novo estudo conduzido em Amsterdão pela Elsevier, os investigadores identificaram um microRNA que parece passar a suscetibilidade ao cancro do fígado, aumentando as hipóteses da ninhada em contrair a doença, mas também das gerações futuras.

Um terço da população mundial tem excesso de peso ou é obesa, o que torna esta epidemia global da obesidade numa ameaça à saúde humana. A obsesidade confere um risco acrescido de contrair doenças metabólicas como a doença hepática gordurosa não-alcoolica (conhecida como NAFLD) e o carcinoma hepatocelular (conhecido com HCC). Até 50% dos casos de HCC recentemente diagnosticados nos Estados Unidos são o resultado de condições hepáticas metabólicas, como a NAFLD.

“A obesidade materna, que afeta diretamente a saúde dos descendentes, desempenha um papel crítico na epidemia da obesidade e nas doenças metabólicas”, explicaram os investigadores principais Ling Zheng, doutorado que pertence ao corpo da Faculdade de Ciências Vivas na Universidade de Wuhan, na China, e Kung Hang, doutorado e membro da Escola de Farmácia de Tongji, da Universidade Médica de Tongji e à Universidade de Ciências e Tecnologias de Huanzhong, na China.

“Estudos epidemiológicos mostram como a obesidade é um fator de risco independente para o cancro do fígado. O nosso estudo providencia informação relativa à questão de se, e como, a obesidade maternal afeta a incidência de tumores na descendência”.

Os investigadores administraram dimetilnitrosamina (DEN) para provocar o cancro no fígado em ratos obesos alimentados com uma dieta alta em gorduras. A sequencialização RNA foi levada a cabo para identificar os genes e microRNAs que alteraram após gerações. A conclusão foi que injetar ratos fêmea grávidos com microRNA mir-27a-3p não só aumenta a mir-27a-3p hepática e reduz a expressão de dois genes – Acsl1 e aldh2 nos descendetes (na fase de feto, jovem e adulta) como também exacerba o desenvolvimento HCC nos descendentes tratados com DEN.

A obesidade materna induzida por uma dieta alta em gorduras causou suscetibilidade de HCC induzida por DEN nos descendentes, e os investigadores apuraram que essa suscetibilidade é acumulativa ao longo de gerações. Em adição, as hipóteses de desenvolver cancro no fígado aumentam geração após geração. Por exemplo, a gravidade da situação no descendente de mãe e avó obesa era mais elevada do que no descendente de uma mãe obesa e avó de peso normal.

Os investigadores analisaram ainda amostras humanas de HCC. “As nossas conclusões fornecem uma ligação mecânica entre a obesidade maternal e o desenvolvimento de doenças na linhagem, que pode ser útil na busca por terapias e meios de prevenção para doenças originárias no desenvolvimento do bebé e no feto em si”, afirmou o professor Huang.

“Para as mães grávidas, o nível de soro miR-27a-3p é critico para a saúde dos descendentes e pode ser usado no futuro como diagnóstico ou um marcador de prevenção”, comentou o professor Zheng. “Gostariamos assim de evocar um esforço global relativo à obesidade multigeracional nos humanos para que consigamos debruçar-nos melhor sobre este problema”.

No editorial que acompanha o estudo, Sabine Colnot, doutorada e pertencente ao Centro de Investigação de Cordeliers, e André Lechel, doutorado e parte do Departamento de Medicina Interna do Hospital Universitário de Ulm na Alemanha, comentaram: “Este estudo abre uma nova linha de investigação no campo do cancro, num cruzamento entre o metabolismo e a epigenética.

Traz nova informação em como o stress maternal pode influenciar a descendência com consequências para o desenvolvimento da HCC. O modo como se herda não é de intergeração clássica. É multigeracional, já que a suscetibilidade de contrair a HCC aumenta geração após geração”.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

 

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