Os investigadores consideraram que haveria fatores que poderiam proteger as vítimas de algumas das consequências deste tipo de assédio moral. Num estudo realizado com mais de 6.000 adolescentes no Japão, encontraram um forte aliado, conhecido como “competência emocional”.
O bullying online, ou cyberbullying, não é um fenómeno novo, mas à medida que o mundo se torna mais dependente da comunicação online, a ameaça é maior.
Yuhei Urano, Ryu Takizawa e Haruhiko Shimoyama, professores do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Tóquio, e a sua equipa, investigaram os principais fatores de proteção contra os efeitos adversos do cyberbullying.
No seu estudo, analisaram dados de 6.403 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos de idade (1.925 rapazes e 4.478 raparigas).
“Escolhemos utilizadores de uma aplicação de redes sociais porque era provável que experimentassem mais interações online”, referiu Yuhei Urano. “Os inquéritos incidiram sobre casos de vitimização de cyberbullying, enquanto uma secção transversal incluía informações pessoais e sociais. Estes dados permitiram-nos investigar se a capacidade de lidar com as emoções, denominada “competência emocional”, está correlacionada com a gravidade das repercussões do cyberbullying”.
Após uma análise cuidadosa, os dados mostraram que as competências emocionais mais elevadas nem sempre estavam associadas a uma melhor saúde mental; na realidade, até podem piorar as coisas, dependendo do contexto social.
A competência emocional específica do indivíduo é definida como a capacidade de identificar, compreender, expressar, regular e utilizar as emoções. Existe a competência emocional intrapessoal – a capacidade para lidar com as próprias emoções- e a competência emocional interpessoal, ou seja, a capacidade de lidar com as emoções dos outros.
“Pensávamos que a competência emocional intrapessoal seria capaz de amortecer as consequências do cyberbullying porque a capacidade de lidar com as próprias emoções é conhecida por ter um impacto positivo na nossa saúde mental”, explicou Yuhei Urano. “Por outro lado, pensávamos que a competência emocional interpessoal mostrava o efeito oposto. Porque a capacidade de compreender estados emocionais dos outros pode encorajar os indivíduos a preocuparem-se com as intenções do agressor”.
Os investigadores esperam que este estudo possa abrir caminho para novas investigações sobre os diferentes papéis da competência emocional intrapessoal e interpessoal, tanto no que diz respeito aos seus efeitos positivos como aos negativos.
Informação bibliográfica:
Yuhei Urano, Ryu Takizawa, Mai Ohka, Hisanori Yamasaki and Haruhiko Shimoyama. Cyber bullying victimization and adolescent mental health: The differential moderating effects of intrapersonal and interpersonal emotional competence. Journal of Adolescence.
DOI: 10.1016/j.adolescence.2020.02.009
NR/HN/Adelaide Oliveira
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