Provas de função pulmonar são essenciais no diagnóstico da asma
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O correto tratamento da Asma só pode ser alcançado através de um diagnóstico eficaz e preciso, no qual, as provas de função pulmonar ocupam um lugar de destaque. Em entrevista ao Healthnews, a Dra. Natacha Santos Assistente Hospitalar de Imunoalergologia no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve esclarece: “O diagnóstico de asma está assente em sintomas clínicos, dos quais os sintomas cardinais são a falta de ar, a pieira (comumente descrita pelos pacientes como chiadeira), por vezes também a tosse pode ser sinal de asma, e a sensação de aperto no peito que se manifesta normalmente com a junção destes sintomas. É uma doença que se manifesta de forma irregular ao longo da vida, e os sintomas também não são sempre iguais. Por isso existem períodos de calma e de agudização que, dependendo do grau de gravidade da asma podem ser diários, se a asma não for controlada, ou pode ser apenas um episódio num ano que coincida com uma infeção respiratória ou algum outro factor desencadeante”.
Como é que se faz um bom e rigoroso diagnóstico de asma?
Havendo a suspeita clínica de asma devemos sempre confirmar com base nas provas de função respiratória ou função pulmonar. Elas permitem-nos por um lado confirmar o diagnóstico, e por outro aferir a gravidade e o controlo da própria asma.
E no que consistem estas provas de função pulmonar?
A prova standard utilizada para o diagnóstico da asma é a espirometria. Nesta prova avalia-se o volume de ar mobilizado pelo doente durante manobras inspiratórias e expiratórias. Avalia-se quer o volume total, quer o volume por segundo, que é o chamado “débito”. Para o diagnóstico da asma, o que mais nos interessa é o volume expiratório forçado no primeiro segundo. Ou seja, a quantidade de ar que sai num segundo depois de fazer uma inspiração ao máximo e uma expiração forçada para que seja o mais rápida possível.
Quando esse volume está diminuído temos o que se chama obstrução brônquica. Mas a asma não é a única doença em que se dá a obstrução dos brônquios, e por isso é importante fazer uma broncodilatação, em que é dado o salbutamol: um agonista β2 de curta ação utilizado em S.O.S no tratamento da asma. O que fazem estes agonistas é aumentar o calibre dos brônquios (uma broncodilatação). Na asma, o que se verifica é que há uma normalização dos valores depois da broncodilatação.
Portanto, é dada a medicação – aproximadamente 400 microgramas de salbutamol. Passados 15 a 20 minutos realiza-se a segunda espirometria e, quando há um aumento significativo parametrizado, é considerada uma broncodilatação positiva. O conjunto destes dois parâmetros é muito sugestivo de um diagnóstico de asma.
Portanto, o tratamento com os agonistas β2 faz parte do diagnóstico?
Sim. Por vezes pode haver uma primeira espirometria de valores normais, sobretudo em crianças ou adolescentes que não têm os valores tão bem parametrizados, mas quando vemos um aumento significativo depois da broncodilatação isso pode ser um indício de asma. O mesmo acontece em atletas que por vezes apresentam valores de 130%, no que diz respeito aos parâmetros, mas que, depois da broncodilatação, chegam aos 170%. Isto quer dizer que os valores, apesar de serem normais para a população, não são normais para o paciente, que não está a usufruir de todas a sua capacidade pulmonar.
De que forma ajudam os resultados destas provas na comunicação com o paciente?
Por um lado dão uma maior segurança e credibilidade ao diagnóstico. Se a pessoa souber que tem asma, mas sobretudo se vir valores que estão abaixo do esperado numa destas provas, provavelmente ela vai aderir melhor ao tratamento que lhe propomos. E numa pessoa com asma persistente o tratamento de controlo deve ser mesmo diário para controlar a doença e tratar a inflamação das vias aéreas
Depois, na mesma pessoa, como também fazemos uma espirometria de avaliação com a medicação – já não para diagnóstico mas para avaliar a situação sob efeito dos medicamentos -, temos um parâmetro muito objetivo aliado à diminuição dos sintomas. As pessoas confiam muito nos números e, quando estes lhes são apresentados, elas sentem que existe uma necessidade de controlar a asma. Às vezes não basta só a pessoa sentir-se melhor, é preciso mostrar-lhes que melhoraram na prova e que estão iguais a alguém que não tem asma.
João Daniel Ruas Marques/HN
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