Morte celular em toninhas causada por poluentes ambientais

22 de Julho 2020

Um estudo recente publicado na Environmental Science & Technology identificou o risco toxicológico de poluentes ambientais em  botos do índico (Neophocaena asiaeorientalis). Químicos de fabrico humano sintetizados para atividades humanas […]

Um estudo recente publicado na Environmental Science & Technology identificou o risco toxicológico de poluentes ambientais em  botos do índico (Neophocaena asiaeorientalis). Químicos de fabrico humano sintetizados para atividades humanas ameaçam a saúde dos mamíferos aquáticos. Estes químicos, que incluem poluentes orgânicos persistentes (POPs) são conhecidos há muito por se acumularem em grandes níveis em várias espécies de golfinhos. Os níveis de POP em botos do índico que vivem no Mar Interior de Seto são mais elevados do que noutros cetáceos distribuídos pelas águas perto do japão, e o efeito desta toxicidade tem sido uma preocupação. Ainda assim, estudos ecológicos sobre golfinhos selvagens são difíceis de levar a cabo devido a considerações legais e éticas, e existe falta de informação. Investigadores do Centro de Estudos Ambientais Marinhos (CMES), da Universidade de Ehime, juntamente com colaboradores, tem isolado com sucesso células de fibroblasto dos botos do índico do Mar Interior de Seto, no Japão, revelando o risco toxicológico dos poluentes que causam preocupação à população local.

Cultura de Células e exposição aos poluentes

Os fibroblastos dos botos do índico foram recolhidos de um individuo em cativeiro. Dezassete químicos incluindo dioxina (2, 3, 7, 8-tetraclorodibenzo-p-dioxina, TCDD), químicos industriais (bifenilos policlorinados, PCBs), metabolitos de PCBs (PCBs hidroxilados, OH-PCBs), retardantes de quadro (bifenilos polibromados, PBDEs), inseticidas (DDTs e os seus metabolitos) e metilmercurio foram testados para as suas toxicidades celulares.

Efeito dos poluentes nos fibroblastos

A maioria das mortes celulares induzidas por poluentes em grandes concentrações, e compostos do tipo das dioxinas (TCDD e PCBs semelhantes às dioxinas) foram mais tóxicos do que outros químicos testados. As potencias tóxicas dos OH-PCBs e o seu percursor, os PCBs, eram diferentes em cada terminal, e estes compostos podem contribuir para danificar as células através de vários mecanismos. O dano ás células dependendo das doses foi também observado com DDTs, que se acumularam em concentrações relativamente altas em várias espécies de baleias. Entre os DDTs, p,p’DDt foi o mais potente para a citotoxicidade, enquanto os p,p’DDE afetaram notavelmente a viabilidade da célula. O metilmercurio induz também a necrose celular na maior concentração testada (100 μM).

Avaliação de risco ao nível da população

Para avaliar o risco da população de botos do índico que habitam no Mar Interior de Seto, o grupo de investigação estimou os rácios de exposição à atividade. Os rácios de exposição à atividade é o conceito emergente de encontrar substâncias químicas de alto risco ao comparar as concentrações às quais a citotoxicidade foi observada com a concentração dos químicos nos corpos dos animais. Coletivamente, PCBs e DDTs demonstraram ser de maior risco e poder causar citotoxicidade, apoptose, e deduzir a viabilidade das células na população de botos do índico no Mar Interior de Seto.

Este estudo avaliou com sucesso os riscos dos poluentes ambientais utilizando fibroblastos isolados de um boto do mar morto. Existe uma necessidade urgente de compreender melhor o risco destes poluentes, não só para estas espécies, mas também em outros mamíferos marinhos, e é importante implementar medidas que reduzam a carga de poluentes de alto risco no ambiente marinho.

https://www.alphagalileo.org/en-gb/Item-Display/ItemId/195321

NR/HN//João Daniel Ruas Marques

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