CDS-PP critica “unanimismo pandémico” e restrição de direitos

23 de Julho 2020

O CDS-PP afirma que se instalou nesta sessão legislativa um “unanimismo pandémico” e que existiu um aproveitamento da pandemia para “limitar direitos democráticos de participação” de alguns partidos, situação que considerou ser “de enorme gravidade”.

Em declarações à Lusa no âmbito do debate do Estado da Nação, que se realiza na sexta-feira na Assembleia da República, em Lisboa, o líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, referiu que “não só há uma sessão legislativa pré-pandemia e outra pós-pandemia, como há um aproveitamento da realidade da pandemia para limitar direitos democráticos de participação das várias forças políticas e concentrar oportunisticamente esse debate numa espécie de unanimismo pandémico, que ninguém poderia discordar”.

“Os dois maiores partidos teriam os direitos todos e isso é profundamente negativo para o parlamento e para a democracia”, insistiu, indicando que houve momentos em que foi possível antecipar que “tudo seria permitido a uns enquanto nada era permitido a outros, como foi por exemplo, logo no início do confinamento e do estado de emergência, as cerimónias do 25 de Abril e do 1.º de Maio”.

O deputado lamenta a proposta de diminuição dos debates com o primeiro-ministro, que conta com o acordo de PS e PSD e fala numa “série de imposições que se traduziram em menos debate, menos votos, menos participação dos deputados”.

“Estamos a chegar ao final da sessão legislativa com imposições e propostas de alteração sérias”, observou, considerando essa situação “de enorme gravidade” porque “uma situação que já é limitativa de muita coisa e de muita liberdade em função da pandemia, e ainda por cima uma restrição da participação democrática no debate democrático, é fundamento de enorme preocupação”.

No debate do Estado da Nação, terá de ser abordada a questão da pandemia e especialmente a resposta aos seus efeitos na vida económica e social do país, notou Telmo Correia, destacando que esta crise veio realçar “situações que são muito preocupantes na sociedade e situações que têm a ver com a própria autoridade do Estado”, nomeadamente o papel das forças de segurança no cumprimento das normas estabelecidas.

Na ótica dos democratas-cristãos, a resposta do Governo “podia ter sido melhor, mas não foi má globalmente”, porém, ”o desconfinamento foi feito de forma precipitada, muitas vezes sem as cautelas necessárias, e isso faz um bocadinho com que Portugal tenha passado de um suposto exemplo a elogiar internacionalmente […] para ser um mau exemplo”.

“Estes temas são indiscutivelmente temas que terão de ser discutidos e falados no Estado da Nação, a forma como reagimos à pandemia e a forma como desconfinámos, a questão do momento democrático e das limitações democráticas que eu acho que o país está a ter e a questão da autoridade do Estado, designadamente a questão da segurança e das forças de segurança”, vincou o líder parlamentar.

Telmo Correia salientou que “há setores económicos para os quais a resposta não foi a suficiente”.

“Dei o exemplo do turismo, mas há muito outros setores económicos onde o ‘lay-off’ simplificado não é suficiente, onde o ‘lay-off’ simplificado não está a resolver os problemas, onde o prolongamento do ‘lay-off’ seria indispensável e nalguns casos seriam necessárias medidas específicas de apoio para setores que continuam completamente parados e que vão continuar completamente parados”, especificou.

Questionado sobre a organização do grupo parlamentar, uma vez que o CDS passou de 18 deputados na anterior legislatura para cinco eleitos na atual, o líder parlamentar indicou que “com cinco deputados é preciso tocar os instrumentos todos” e os eleitos têm de se “desdobrar em várias funções”, e elogiou o trabalho que tem sido desenvolvido.

NR/HN/LUSA

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Limitações nas urgências por região

A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde divulgou hoje um novo plano de reorganização das urgências, que indica que 39 pontos vão funcionar com limitações nalgumas especialidades entre os dias 03 e 09 de dezembro.

Greve dos pilotos de helicópteros do INEM regista 83% de adesão

A greve dos pilotos de helicópteros do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) registou 83% de adesão disse hoje o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), sublinhando que os serviços mínimos decretados não foram plenamente cumpridos.

Cabo Verde quer comunidades a liderar luta contra a Sida

Cabo Verde quer reforçar a prevenção, diagnóstico, comunicação e informação e ter as comunidades a liderar a luta contra o VIH-Sida, cuja taxa de prevalência mantêm-se nos 0,6%, com média de 400 casos anuais, disseram hoje fontes oficiais

Lançado hoje 1º episódio da série documental: “SIDA 4.0 Os anos do medo, da discriminação, do estigma e da inovação

Temas como o Aparecimento do Vírus, o Estigma e a Discriminação; O Peso das Drogas na Sociedade Portuguesa; VIH-2 e a Cooperação com os PALOP; PrEP – A Revolução na Prevenção e Para Quando a Cura, vão ser analisados por diferentes intervenientes, tendo em atenção os 40 anos sobre a infeção VIH e a Sida e das mudanças que ela trouxe à sociedade em geral e aos portugueses em particular.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights