Estas consultas descentralizadas têm início a partir de quarta-feira no centro de rastreiro IN-Mouraria e resultam de uma parceria entre o Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAP) e o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), segundo referiu à agência Lusa o presidente do GAP, Luís Mendão.
“O nosso centro fica na Calçada de Santo André (Mouraria) junto à Rua dos Cavaleiros, uma zona de grande consumo de droga e onde existem muitos sem-abrigo. São exatamente essas as pessoas mais afetadas pela hepatite que nós queremos ajudar”, explicou.
Segundo o presidente da GAP, a taxa de sucesso de cura nestas pessoas mais vulneráveis é de apenas 11 a 12%, enquanto na restante população é de 60 a 70%.
E “é exatamente essa camada da população que tem maiores dificuldades no acesso aos hospitais e que mais ficam para trás no tratamento da doença”.
“Não é que exista uma negação formal dos hospitais. O problema é que as regras hospitalares são complicadas para estas pessoas e não são compatíveis com as suas necessidades”, alertou.
Nesse sentido, Luís Mendão ressalvou que as consultas descentralizadas “serão essenciais para simplificar com segurança e qualidade o acompanhamento desses doentes”.
“Em vez de irem ao hospital fazem tudo onde já vão habitualmente”, apontou, sublinhando que esta medida “faz ainda mais sentido neste contexto da pandemia da Covid-19, em que é preciso minimizar as deslocações ao hospital e manter o distanciamento social.
Assim, no centro da GAP, os pacientes poderão realizar procedimentos clínicos, como a confirmação da infeção, análises, elastografia, prescrição e avaliação do sucesso terapêutico.
As pessoas que tiverem resultados positivos no rastreio à infeção da hepatite C serão encaminhadas para o serviço de Gastrenterologia do Hospital de Santo António dos Capuchos.
Estas consultas médicas podem ser presenciais ou por telemedicina.
Luís Mendão estima que cerca de 200 pessoas, de toda a Área Metropolitana de Lisboa, poderão beneficiar imediatamente deste programa, podendo o número vir a aumentar com o tempo.
“As pessoas estão ansiosas e entusiasmadas com o projeto”, sublinhou.
Em Portugal, segundo os dados Infarmed, até ao dia 01 de julho de 2020, foram autorizados, desde 2015, 27.239 tratamentos para a hepatite C e iniciados 26.006. A taxa de cura mantém-se nos 97%, com 15.909 doentes curados e 572 não curados.
LUSA/HN
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