Doentes de hepatite C mais vulneráveis vão ter espaço de rastreio em Lisboa

28 de Julho 2020

Cerca de 200 pessoas em situação de maior vulnerabilidade na Área Metropolitana de Lisboa vão passar a dispor de um serviço de rastreio à hepatite C (VHC), sem ter de se deslocar ao hospital, foi anunciado esta terça-feira.

Estas consultas descentralizadas têm início a partir de quarta-feira no centro de rastreiro IN-Mouraria e resultam de uma parceria entre o Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAP) e o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), segundo referiu à agência Lusa o presidente do GAP, Luís Mendão.

“O nosso centro fica na Calçada de Santo André (Mouraria) junto à Rua dos Cavaleiros, uma zona de grande consumo de droga e onde existem muitos sem-abrigo. São exatamente essas as pessoas mais afetadas pela hepatite que nós queremos ajudar”, explicou.

Segundo o presidente da GAP, a taxa de sucesso de cura nestas pessoas mais vulneráveis é de apenas 11 a 12%, enquanto na restante população é de 60 a 70%.

E “é exatamente essa camada da população que tem maiores dificuldades no acesso aos hospitais e que mais ficam para trás no tratamento da doença”.

“Não é que exista uma negação formal dos hospitais. O problema é que as regras hospitalares são complicadas para estas pessoas e não são compatíveis com as suas necessidades”, alertou.

Nesse sentido, Luís Mendão ressalvou que as consultas descentralizadas “serão essenciais para simplificar com segurança e qualidade o acompanhamento desses doentes”.

“Em vez de irem ao hospital fazem tudo onde já vão habitualmente”, apontou, sublinhando que esta medida “faz ainda mais sentido neste contexto da pandemia da Covid-19, em que é preciso minimizar as deslocações ao hospital e manter o distanciamento social.

Assim, no centro da GAP, os pacientes poderão realizar procedimentos clínicos, como a confirmação da infeção, análises, elastografia, prescrição e avaliação do sucesso terapêutico.

As pessoas que tiverem resultados positivos no rastreio à infeção da hepatite C serão encaminhadas para o serviço de Gastrenterologia do Hospital de Santo António dos Capuchos.

Estas consultas médicas podem ser presenciais ou por telemedicina.

Luís Mendão estima que cerca de 200 pessoas, de toda a Área Metropolitana de Lisboa, poderão beneficiar imediatamente deste programa, podendo o número vir a aumentar com o tempo.

“As pessoas estão ansiosas e entusiasmadas com o projeto”, sublinhou.

Em Portugal, segundo os dados Infarmed, até ao dia 01 de julho de 2020, foram autorizados, desde 2015, 27.239 tratamentos para a hepatite C e iniciados 26.006. A taxa de cura mantém-se nos 97%, com 15.909 doentes curados e 572 não curados.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

A má comunicação pode ser agressiva ao cidadão?

Cristina Vaz de Almeida: Presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde; Doutora em Ciências da Comunicação — Literacia em Saúde. Presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde. Diretora da pós-graduação em Literacia em Saúde. Membro do Standard Committee IHLA — International Health Literacy Association.

Crise de natalidade no Japão atinge o seu pico

O Japão registou, em 2024, a taxa de natalidade mais baixa de sempre, segundo estimativas governamentais e, no momento em que a geração “baby boom” faz 75 anos, o país confronta-se com o “Problema 2025”, segundo especialistas.

Cientistas detectam genótipos cancerígenos de HPV em esgotos urbanos

Cientistas uruguaios identificaram genótipos de HPV ligados ao cancro do colo do útero em águas residuais urbanas, sugerindo que a monitorização ambiental pode reforçar a vigilância e prevenção da doença em países com poucos dados epidemiológicos.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights