PM irlandês convoca Parlamento para discutir jantar polémico que violou restrições

23 de Agosto 2020

O primeiro-ministro da Irlanda vai convocar o Parlamento para discutir um jantar que violou as restrições instauradas contra a pandemia e pediu ao comissário europeu para o Comércio, o irlandês Phil Hogan, para considerar a demissão.

O líder do executivo, Michael Martin, e os parceiros de coligação, o vice-primeiro-ministro Leo Varadkar e o ministro Eamon Ryan, “chegaram a acordo para que o Parlamento seja convocado”, anunciou no domingo um porta-voz do Governo, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Em causa está um escândalo político que já levou à demissão do ministro da Agricultura irlandês, na sexta-feira, depois de ter sido divulgada a sua presença num jantar com mais de 80 pessoas, oferecido pelo clube de golfe do parlamento, que violou as restrições ligadas à covid-19.

Dara Calleary, no cargo há apenas um mês, esteve na festa realizada na quinta-feira, num hotel, com muitas outras figuras políticas, como foi o caso do comissário europeu para o Comércio, Phil Hogan.

Eleito para o Parlamento irlandês de 1987 a 2014 e ministro do Ambiente entre 2011 e 2014, Hogan admitiu ter participado no evento, garantindo no entanto que acreditava “que os organizadores e o hotel em questão […] cumpririam as recomendações governamentais” para prevenir a propagação da covid-19.

O primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro, líder do Fine Gael, partido pelo qual Phil Hogan foi deputado, disseram no sábado que “falaram com o comissário Hogan” e lhe pediram “que assumisse as suas responsabilidades”. Um porta-voz do comissário europeu disse ao canal de televisão irlandês RTE que o comissário “iria considerar” o pedido.

As autoridades irlandesas decidiram na terça-feira alargar as restrições às reuniões de pessoas para fazer face a um aumento do número de infetados com o novo coronavírus.

De acordo com as novas regras, as reuniões em espaços fechados só podem juntar um máximo de seis pessoas (até terça-feira eram 50) e em espaços abertos um máximo de 15 (eram 200), com exceção de serviços religiosos, como missas ou casamentos.

De acordo com o Irish Examiner, durante o jantar do clube de golfe do parlamento os convidados foram divididos em duas salas com menos de 50 pessoas, mas ficaram pelo menos 10 em cada mesa. Além disso, a divisão entre as duas salas foi removida durante os discursos, segundo acrescentou o jornal Irish Times.

Em comunicado enviado um dia depois à imprensa, o primeiro-ministro irlandês considerou que o jantar não deveria ter-se realizado.

“Em todo o país, a população tem feito sacrifícios pessoais muito difíceis na vida familiar e nas atividades profissionais para cumprir as regras relacionadas com a covid-19”, lembrou o primeiro-ministro, sublinhando que o evento contrariou “as decisões anunciadas na terça-feira pelo Governo”.

No dia 15 de agosto, a presidente da agência responsável pela promoção do turismo na Irlanda, Catherine Martin, demitiu-se depois de ser revelado que foi de férias para Itália, apesar dos apelos para que as viagens sejam feitas apenas dentro do país.

A Irlanda registou até agora 1.776 mortes devido à covid-19 e mais de 27.000 casos confirmados.

Em todo o mundo, a doença já provocou pelo menos 800 mil mortos, segundo um balanço feito pela AFP.

NE/HN/LUSA/AFP

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