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Mais escolas médicas ou mais demagogia?
Sustento desde há anos e já o publiquei e defendi em fora médicos e farmacêuticos que, a maior e a principal rede de Cuidados Primários em Portugal é a das Farmácias.
Também em proximidade e em acessibilidade. Mas é uma rede privada!
A pandemia veio apenas confirmar que é um facto indesmentível.
O país e os cidadãos viram e sentiram o que foi o “encerramento” geral das unidades de saúde familiar e centros de saúde e, por ouro lado, o receio que tal medida transmitiu terá produzido um impacto ainda não avaliado sobre a evolução de muitas patologias crónicas e atraso no estabelecimento de diagnósticos, porventura bem sombrios.
Foi, penso, contágio sobre contágio…
E como o SNS não estava óbvia e naturalmente preparado para defrontar um desafio e uma ameaça como a da COVID-19, a chamada linha da frente estava e permaneceu completamente “desarmada”.
O país e os cidadãos poderão ter muito maior dificuldade em compreender como o SNS e as Administrações Regionais de Saúde foram incapazes de reagir, de improvisar, de motivar, de gerar respostas mais eficazes e mais concretas.
O caso das Farmácias Portuguesas é, neste enquadramento, exemplar a vários títulos e se a expressão “serviço público” encontra algum sentido, foi aqui claramente.
Na vertente do apoio físico não deixaram de manter o atendimento aos doentes e utentes, não só dispensando os medicamentos prescritos como, com o entendimento da Ordem dos Médicos e a comparticipação do SNS, respeitando e renovando as prescrições crónicas anteriores.
Depois porque as Farmácias responderam financeiramente mais depressa do que a Segurança Social – e sem essa obrigação ou dever – adiantando dezenas de milhões de euros em crédito aos seus clientes mas utentes do SNS.
Ou seja, apesar das expectativas de subidas assinaláveis da mortalidade em 2020, para além da resultante dos efeitos da COVID-19, não foi pela interrupção do tratamento das doenças crónicas que os números mais trágicos terão crescido.
Outro facto preocupante terá a ver com as taxas de incidência da tuberculose em Portugal. De novo e infelizmente.
A taxa em 2018 conhecida recentemente pelo anúncio do Instituto Nacional de Estatística confirma um novo máximo desde 2010 e um aumento superior em 20% rem relação a 2016 e 2017.
Quando se discute o uso ou não de máscaras, quando a gripe se aproxima e a tuberculose parece adquirir novo fôlego andamos a discutir o quê?
E porque há cépticos em todo o lado e em todas as idades, deixem recordar que foi no grupo etário entre os 25 e os 34 anos que a taxa de tuberculose mais galopou: passou de 19,5 (2017) para 27 (2018) por 100 000 habitantes.
Nos idosos que o país terá descoberto poderem não estar a ser muito bem tratados em todos os lares, essa taxa permanece muito alta e bem acima da média nacional: acima dos 75 anos tem uma taxa de 26,2 por 100 000 habitantes.
Concluo com uma reflexão especulativa por analogia com a COVID-19…
A taxa de tuberculose mais baixa em Portugal regista-se na Madeira, com 6,7 por 100 000 habitantes.
E a taxa mais elevada? Na área metropolitana de Lisboa: 29,3 por 100 000 habitantes.
Mas vamos continuar centrados em “simplex” atrás de “simplex”?
Focados nas tecnologias e entretidos nos tele-contactos…
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