EUA admitem reentrada na OMS se houver reformas e independência da China

3 de Setembro 2020

Responsáveis do governo norte-americano disseram hoje que os Estados Unidos da América vão continuar a pedir reformas na Organização Mundial da Saúde (OMS) e independência do Partido Comunista chinês, mas “quando for correto” podem considerar reentrada na estrutura.

Numa teleconferência para jornalistas, a que a Lusa teve acesso, Nerissa Cook, subsecretária de Estado adjunta para Assuntos de Organizações Internacionais, disse que os EUA podem voltar a considerar entrar na OMS se forem concluídas reformas e se houver “independência face ao Partido Comunista da China”.

A saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde foi anunciada no passado mês de julho e deverá acontecer até 06 de julho de 2021.

A responsável do gabinete para organizações internacionais do Departamento de Estado disse hoje que o Presidente Donald Trump será o responsável pelas decisões de reentrada na OMS, apesar de Trump ter deixado claro que não vai reconsiderar a saída no próximo ano.

Nerissa Cook disse que os Estados Unidos vão redirecionar 62 milhões de dólares que ainda ia pagar à OMS este ano para operações da instituição mãe, Organização das Nações Unidas (ONU). A informação foi dada hoje à OMS em Genebra, Suíça, por diplomatas norte-americanos.

Nerissa Cook defendeu que a OMS “tem de ser independente nos processos e procedimentos ao lidar com a pandemia” de covid-19 e que os Estados Unidos estão a “advogar por maior rapidez e qualidade na comunicação” dos membros, criticando a “falta de responsabilidade e transparência”.

Segundo a subsecretária de Estado adjunta, o Presidente dos EUA “deu a oportunidade à OMS de praticar reformas”, que a organização negou e que justificou a decisão de saída.

Os Estados Unidos estão neste momento a “tentar identificar parceiros alternativos” internacionais para o trabalho de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças em todo o mundo, declarou Alma Golden, administradora assistente para saúde global da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês).

A responsável da USAID acrescentou que, ainda este ano, os Estados Unidos vão contribuir “voluntariamente” e pontualmente com 68 milhões de dólares especialmente para assistência humanitária fornecida pela OMS à Síria e Líbia.

Garrett Grigsby, diretor do gabinete de assuntos internacionais do Departamento de Serviços Humanos e de Saúde, garantiu que os “indivíduos” norte-americanos que ainda trabalham na OMS vão regressar aos Estados Unidos ou vão assumir outros cargos internacionais, sem especificar o número.

Garrett Grigsby defendeu ainda que os EUA vão continuar a pedir reformas na OMS até à conclusão do processo de saída, no próximo ano, porque, “se a organização funcionar melhor, será melhor para todos”.

O diretor do gabinete internacional do Departamento de Serviços Humanos e de Saúde, do Governo norte-americano, disse que o país é “líder em saúde a nível global e assistência humanitária” e que vai continuar a assegurar que a ajuda chega a pessoas necessitadas de todo o mundo.

Donald Trump continua a culpar China pela pandemia de covid-19, que já matou pelo menos 857.824 mortos e infetou mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência AFP.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (184.689) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de seis milhões).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

UpHill conecta registos de saúde na UE

A empresa portuguesa UpHill lidera o i2X, projeto europeu que conectará dados de saúde de 3 milhões de cidadãos em 12 países da UE. Com €8 milhões de financiamento, a iniciativa visa melhorar a qualidade dos cuidados médicos e a interoperabilidade dos registos eletrónicos.

Renato Nunes: “A Reabilitação Deve Estar na Primeira Linha dos Cuidados de Saúde”

Em entrevista ao HealthNews, Renato Nunes, médico fisiatra e presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, partilha a sua perspetiva sobre o Dia Mundial da Saúde, cujo tema este ano é “Inícios Saudáveis, Futuros Cheios de Esperança”. Renato Nunes aborda a importância da reabilitação médica na promoção do bem-estar e na qualidade de vida dos doentes, destacando a necessidade de uma abordagem integral e atempada nos cuidados de saúde, explorando o papel da reabilitação na recuperação, os desafios enfrentados pelos serviços de saúde e a relevância de políticas públicas que valorizem esta área essencial da medicina.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights