A investigação da vacina BCG (sigla para Bacillus Calmette-Guérin) para prevenir a covid-19 esta na fase três de testes e será realizada com milhares de voluntários na Austrália, Espanha, Reino Unido e no Brasil, onde o medicamento será aplicado em 3.000 pessoas.
“Vamos investigar se o BCG oferece proteção contra a covid-19 e se pode reduzir a virulência do patógeno”, explicou a pneumologista Margareth Dalholm, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Brasil, em declarações dadas hoje à jornalistas.
As pesquisas no Brasil serão coordenadas pela Fiocruz, maior centro de pesquisas médicas da América Latina e vinculado ao Ministério da Saúde brasileiro.
O projeto é apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates.
Dalholm explicou que a vacina contra a tuberculose será testada nos estados do Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, em 3.000 profissionais de saúde maiores de 18 anos e que já estiveram ou podem estar em contacto com a covid-19 devido à sua ocupação.
“Só trabalharemos com pessoas que tenham resultado negativo para o diagnóstico de covid-19 e que tenham contacto com o vírus ou venham a ter, mas que nunca foram infetadas, para estabelecer se a vacina BCG lhes oferecerá proteção”, frisou a pneumologista brasileira.
Os voluntários começarão os testes em outubro e serão acompanhados durante um ano, com testes semanais, para verificar se a vacina os protegeu contra o novo coronavírus e se produziu anticorpos.
Há vários meses, centros científicos e laboratórios de diferentes países trabalham com a hipótese de que a BCG, vacina que provoca ampla resposta imunológica, pode oferecer proteção contra a covid-19, algo que até agora não foi comprovado cientificamente.
Segundo vários cientistas, a vacina em causa estimula uma resposta inata do sistema imunológico não apenas contra o bacilo da tuberculose, mas também contra outros patógeneos.
Alguns estudos indicaram que os países com ampla cobertura de vacinação BCG têm taxas de mortalidade por covid-19 relativamente mais baixas do que aqueles com menor cobertura.
O cientista japonês Tasuku Honjo, Prêmio Nobel de Medicina de 2018, é um dos que considera que a vacina universal contra tuberculose administrada no Japão pode ser um dos motivos da baixa mortalidade registada em pacientes com Covid-19 naquele país.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (quase 4,2 milhões de casos e 128.539 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 904 mil mortos e quase 28 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
NR/HN/LUSA
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