Táxis perdem receitas e “lento relançamento” está longe da atividade de 2019

30 de Setembro 2020

O setor do táxi perdeu entre 70% e 80% das receitas devido à covid-19 e, apesar do “lento relançamento” da economia, com a abertura de serviços e escolas, os valores atuais ficam “muito longe” do período homólogo de 2019.

“Acompanhando o lento relançamento da economia nacional, o serviço público de transporte em táxi vive uma maior procura quando comparado com o tempo do confinamento, mas muito longe dos valores de período homólogo de 2019”, disse à Lusa o presidente da Federação Portuguesa do Táxi, Carlos Ramos.

O presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóvel Ligeiro (ANTRAL), Florêncio Almeida, alertou que o setor “está uma desgraça” e reconheceu que se perdeu “entre 70% e 80% de receitas” desde o início da pandemia, em março.

As quebras de serviço, a rondar os “80% a nível nacional”, de acordo com Carlos Ramos, vêm “sendo variáveis de central para central e de unidade de operador para unidade de operador”.

Embora tenha tido alguma esperança de que, “com a abertura de escolas e a retoma de muitos serviços, as coisas iriam melhorar”, Florêncio Almeida afirmou que, na verdade, a situação piorou: “Desde 15 de setembro que os serviços têm vido a diminuir ainda mais”.

Ambos os responsáveis foram perentórios em admitir que a pouca procura provoca, em todo o país, a paragem de centenas de motoristas de táxis, que, sublinhou Carlos Ramos, “optam por anular custos através da paralisação das viaturas”.

“Temos centenas de carros parados em Lisboa, alguns entregaram as licenças à câmara, mas apelámos para que não o fizessem, só que parassem, que encostassem o carro”, avançou Florêncio Almeida, lembrando que a pandemia que se está a atravessar “é um motivo de força maior” para justificar estar parado.

Carlos Ramos reconhece que não podem ser apresentados dados finais de quantos táxis pararam, já que “diariamente há flutuações de mercado que acompanham as notícias da pandemia”, mas diz que não estarão muito longe dos valores do tempo de confinamento, em que “cerca de 18 mil profissionais estavam fora de serviço”.

Também o número de empresas/gerentes ou motoristas em ‘lay-off’ é difícil de aferir, de acordo com os responsáveis, já que os organismos não possuem esses dados.

Em junho, o Governo decidiu avançar com a criação de um grupo de trabalho que terá como missão a apresentação de recomendações para promover a modernização deste setor e, de acordo com os representantes, as reuniões têm vindo a realizar-se, embora ainda sem conclusões.

Carlos Ramos avançou estar aprovada “uma agenda de trabalhos” e disse que “a procura de consenso é permanente”, frisando que quando surgirem “compromissos entre as entidades envolvidas serão publicamente anunciados”.

Já Florêncio Almeida reconheceu “não existirem grandes avanços”, sublinhando a existência “de muita visão” sobre os problemas.

“Mas se as medidas não forem impostas a nível governamental vai ser difícil implementar no setor, porque há interesses implementados e muitos condicionalismos”, frisou.

NR/HN/LUSA

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights