Os resultados do estudo do conteúdo dos pesadelos de quase mil indivíduos durante a pandemia provocada pelo coronavírus, publicados na revista “Frontiers in Psychology”, concluem que a Covid-19 afetou mais de metade dos seus sonhos.
“Foi interessante ver conteúdos de sonhos recorrentes, que ecoaram a atmosfera apocalíptica das circunstâncias trazidas pela Covid-19”, diz a Professora Anu-Katriina Pesonen, líder do grupo de investigação “Sleep and Mind” da Universidade de Helsínquia.
Juntamente com a sua equipa, a especialista traduziu o conteúdo dos sonhos das listas de palavras em finlandês para a língua inglesa, empregando nesta análise uma abordagem baseada na Inteligência Artificial onde são frequentemente identificadas combinações de palavras que se repetem. A análise computacional estabeleceu “clusters de sonhos” com base na ocorrência estatística de associações de palavras recorrentes e nas suas redes.
Muitos dos “clusters de sonhos” eram temáticos, com conteúdos relacionados com pandemia em mais de metade dos casos. Tais conteúdos incluíam a não observação do distanciamento social seguro, a infeção pelo coronavírus, máscaras e outro equipamento de proteção, distopia e apocalipse.
Por exemplo, o “cluster de sonhos” denominado “Ignorar o distanciamento social” incluía abraços por engano, apertos de mão, restrições relacionadas com apertos de mão, lapsos no distanciamento social, restrições relacionadas com reuniões, e festas apinhadas de gente.
O estudo também trouxe alguns novos conhecimentos sobre os hábitos de sono e os níveis de stresse das pessoas durante a pandemia. Por exemplo, mais de metade dos inquiridos relataram ter dormido mais do que antes, embora 10% referissem dificuldades em adormecer e 25% mais pesadelos do que anteriormente.
O facto de mais de metade dos participantes no estudo ter dito que os seus níveis de stresse tinham aumentado não é surpreendente. Este aumento estava, por sua vez, ligado aos pesadelos. Os que registaram stresse mais grave também tiveram sonhos com conteúdo relacionado com a pandemia.
O sono é um fator chave associado à saúde mental. Os pesadelos recorrentes e poderosos são uma indicação potencial de stresse pós-traumático. O conteúdo dos sonhos não é inteiramente arbitrário, mas pode ser a chave para compreender o que está no cerne do stresse, dos traumas e da ansiedade.
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NAG/NR/Adelaide Oliveira
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