Em geral, 58% dos cidadãos apresentaram sintomas de distúrbios psicológicos que duraram mais de 15 dias, com picos de 63% em Itália, 63% na Grã-Bretanha e 69% em Espanha. O estudo foi baseado em 6000 entrevistas realizadas em seis países e as conclusões-chave apontam para um impacto superior naqueles três países, onde o a incidência da Covid-19 foi mais elevada.
Contra a corrente, apresentaram-se os resultados obtidos junto da Alemanha, onde apenas 47% dos inquiridos apresentaram sintomas de distúrbios psicológicos durante mais de 15 dias.
Ainda segundo o mesmo estudo, concluiu-se que a pesquisa de informação, bem como o recurso a ajuda profissional foi bastante limitado. Apenas uma em quatro pessoas recorreu a ajuda profissional e procurou informação especializada.
Na generalidade dos inquiridos, três em cada quatro pessoas tem consciência dos potenciais distúrbios psicológicos. Distúrbios estes que parecem estar diretamente associados à qualidade de vida, particularmente com a dos casais.
Entre os sintomas mencionados pelos inquiridos, o estudo identificou nsónias; dificuldade em dormir ou acordar durante a noite (com uma média europeia de 19%); falta de energia ou fraqueza (16%); tristeza ou vontade de chorar (15%); excesso de preocupações e medos; falta de interesse ou prazer ao realizar atividades (14%); ataques de pânico e ansiedade (10%).
A maioria dos cidadãos europeus afirma ter tido pelo menos dois destes sintomas (61%).
“A pandemia Covid-19 colocou desafios muito exigentes à nossa sociedade: confrontámo-nos com um vírus desconhecido que colocou em causa a nossa integridade e que nos obrigou a mudar de hábitos com uma brutal rapidez. Para além das consequências diretas do vírus na nossa saúde, o que inclui sintomas neuropsiquiátricos cuja extensão permanece desconhecida, a pandemia atingiu de forma muito significativa a saúde mental de todos, em particular das populações mais vulneráveis”, explica Pedro Morgado, psiquiatra e professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
“A ansiedade, o stress e as alterações do sono dominaram as respostas iniciais, contribuindo para uma adaptação à nova realidade. Contudo, algumas pessoas evidenciaram problemas clinicamente significativos que necessitam de gestão e acompanhamento adequados”, acrescenta.
PR/João Marques
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