Distanciamento social está a aumentar a solidão dos mais velhos

11 de Novembro 2020

O distanciamento social introduzido em resposta à Covid-19 está a aumentar os sentimentos de solidão da população mais velha da Escócia e a afetar o seu bem-estar, de acordo com um novo estudo da Universidade de Stirling.

A investigação, realizada em maio no âmbito do programa do governo escocês “Rapid Research in Covid‐19”,  identificou uma ligação entre o aumento da solidão nas pessoas com mais de 60 anos, a diminuição do seu bem-estar e o agravamento da saúde.

A Prof. Anna Whittaker, da Faculdade de Ciências da Saúde e Desporto da Universidade de Stirling, liderou o trabalho e espera que este apoie estratégias de recuperação pós-pandémica.

“Estudos anteriores demonstraram os impactos negativos do isolamento social e da solidão. Esta é uma questão-chave para os adultos mais velhos que podem ter mais probabilidades de ter poucos contactos sociais”, referiu a docente.

“O nosso estudo, que envolveu um inquérito a mais de 1.400 pessoas idosas, examinou o impacto do distanciamento social durante a pandemia na atividade social, solidão e bem-estar. A maioria dos participantes relatou que o distanciamento social os fez sentir mais sós, pelo facto de contactarem socialmente com menos pessoas. Verificámos que uma rede social maior e um apoio social mais sólido protege contra a solidão e a deterioração da saúde e do bem-estar. O nosso estudo sublinha a importância de abordar a solidão e o contacto social nos adultos mais velhos, particularmente durante pandemias ou situações em que o risco de isolamento é elevado”.

Dos 1.429 participantes no inquérito, 84% tinham 60 ou mais anos de idade e uma rede social média de cinco pessoas. Em média, os participantes socializaram cinco dias por semana, durante mais de 6,6 horas semanais. Cerca de 56% relataram que a exigência de distanciamento social fez com que sentissem mais solidão.

O aumento da solidão foi significativamente associada a uma rede social mais pequena, menor apoio social percebido, e uma diminuição na frequência, qualidade e quantidade desse apoio.

Utilizando os mesmos dados do inquérito, a investigação também considerou o impacto do distanciamento social na atividade física. A maioria dos participantes referiu continuar a cumprir as diretrizes de atividade física durante o confinamento – com 35% moderadamente ativos e 41% altamente ativos.

A marcha foi o maior contribuinte para a atividade física total, com pouco mais de um quarto (26,4%) a andar mais do que antes do confinamento. Cerca de 40% das pessoas afirmaram que andavam menos, em comparação com o período anterior.

“O envolvimento em atividade física durante o confinamento variou e este estudo indica uma ligação positiva com o bem-estar – apoiando a noção de que a atividade física deve ser considerada um importante contributo nas estratégias de recuperação dirigidas aos adultos mais velhos”, referiu a investigadora. “Parece haver uma relação entre a atividade física pré-confinamento e as alterações da atividade física devido à pandemia. Isto pode ser significativo no contexto da tentativa de conseguir que os adultos mais velhos mantenham ou aumentem a atividade física, quando apropriado, dada a nossa compreensão dos seus benefícios neste grupo etário”.

“Além disso, independentemente da atividade física pré-lockdown, os adultos mais velhos devem continuar a ser encorajados a serem ativos, e particularmente a envolverem-se em algum tipo de treino de força e equilíbrio – tais como tai chi, yoga, ou pesos – que era muito baixo na amostra mas é vital para manter o equilíbrio e a função física. Apenas 12% da amostra cumpriu as diretrizes de atividade física, que indicam que o treino de força deve ser realizado pelo menos duas vezes por semana”.

Os resultados deste estudo vão apresentados na conferência digital da Scottish Physical Activity Research Connections (SPARC), que começa hoje e se prolonga até ao próximo dia 18 de novembro.

PR/HN/João Marques

 

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