Biossensor deteta o SARS-CoV-2 no ambiente

29 de Dezembro 2020

Investigadores da Universidade Politécnica de Valência (UPV) conceberam um novo sistema, baseado num biossensor de massa de alta sensibilidade, que monitoriza continuamente sinais e consegue detetar o SARS-CoV-2 em aerossóis […]

Investigadores da Universidade Politécnica de Valência (UPV) conceberam um novo sistema, baseado num biossensor de massa de alta sensibilidade, que monitoriza continuamente sinais e consegue detetar o SARS-CoV-2 em aerossóis atmosféricos. O dispositivo, na fase de protótipo, permite avaliar a qualidade do ar e detetar o vírus precocemente em espaços interiores, tais como casas, salas de aula, restaurantes, cinemas ou meios de transporte.

“Esta via de propagação está a tornar-se cada vez mais importante e as estratégias de controlo preventivo devem ter em conta a transmissão do vírus por aerossóis para uma atenuação eficaz do SARS-CoV-2. Desenvolvemos um biossensor de massa que utiliza anticorpos específicos capazes de detetar o vírus SARS-CoV-2 no ar”, explica Ángel Maquieira, professor do Departamento de Química e diretor do Instituto de Reconhecimento Molecular e Desenvolvimento Tecnológico (IDM) da UPV.

Os investigadores da Universidade Politécnica de Valência (UPV),Luis Martínez Gil, María Jesús García Murria e Ismael Mingarro

Nos estudos preliminares foram utilizadas partículas não infeciosas semelhantes a vírus (VLP) desenvolvidas por Luis Martínez Gil, María Jesús García Murria e Ismael Mingarro, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (Instituto BIOTECMED) da Universidade de Valência.

De acordo com os investigadores da Universidade de Valência, as VLP (virus-like particles) são partículas membranosas virais que mimetizam o vírus mas não contêm o seu genoma, pelo que não são infeciosas. No caso específico do SARS-CoV-2, as VLP obtidas na Universidade incluem as quatro proteínas estruturais do vírus –  Glicoproteína “spike” de superfície (S), Proteína de membrana (M), Glicoproteína de envelope pequena (E) e  Proteína de nucleocápside (N) – para que contenham todos os elementos da estrutura do vírus que permitem o seu reconhecimento por anticorpos, bem como por outros mecanismos de resposta imunitária.

“O biossensor foi avaliado à escala laboratorial; deteta VPL transportados no ar num ambiente simulado carregado de vírus, fornecendo um sinal que se relaciona com a carga viral presente no ambiente. Assim, ao detetar carga viral em níveis que podem ser prejudiciais para a saúde, emitirá um sinal de alarme. É, portanto, um biossensor capaz de detetar o SARS-CoV-2 em limiares de concentração crítica”, explica Augusto Juste, investigador do Instituto IDM da Universidade Politécnica de Valência.

Para Sergi Morais, também investigador do IDM da UPV, este é um desenvolvimento muito promissor, dado que pode servir como sistema de alarme e controlo na prevenção da Covid-19, sem necessidade de realizar PCR, analisando somente a qualidade do ar em espaços apinhados de gente ou perigosos. Isto permitirá que sejam tomadas medidas sanitárias de prevenção e aviso de transmissão de Covid-19″.

A metodologia e o protótipo desenvolvidos pela equipa do IDM encontra-se atualmente em fase de avaliação a nível hospitalar, num estudo que está a ser desenvolvido em colaboração com o “Serviço de Medicina Preventiva e Qualidade Assistencial” do “Hospital Geral Universitari de Castelló”, dirigido por Mario Carballido Fernández.

“Os resultados do estudo vão permitir formular propostas de gestão para reduzir as probabilidades de contágio em espaços interiores das unidades de saúde. Além disso, deverá ajudar a estabelecer novos elementos de gestão da segurança dos hospitais, que ajudarão a proteger a saúde dos pacientes e dos profissionais de saúde e, assim, a reduzir os riscos de transmissão na população em geral. Com a chegada do Inverno e o encerramento dos terraços, é necessário garantir que os espaços fechados são lugares seguros”, explica o diretor do hospital.

O biossensor do IDM-UPV efetua medições diretas e também se destaca pela sua facilidade de utilização, baixo custo e versatilidade. “Atualmente, não existe uma tecnologia no mercado como a que desenvolvemos ao nível de protótipo. Poderia tornar-se um “virusómetro” num futuro próximo”, conclui o Prof. David Giménez-Romero, da Universidade de Valência.

O desenvolvimento deste protótipo foi financiado pela “Conselleria de Innovación, Universidades, Ciencia y Sociedad Digital” do Governo Valenciano, no âmbito do concurso que lançou, em março último, com o objetivo de encontrar soluções inovadoras na luta contra o coronavírus.

NR/AG/Adelaide Oliveira

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