Para a CNS é necessário “ambicionar voltar a ter controlo sobre o vírus” e defende que “uma prevalência demasiado alta mina a confiança dos consumidores, mesmo na ausência de medidas restritivas, arrastando todas as atividades económicas consigo”, sobretudo quando o objetivo principal é regressar o mais rapidamente possível à atividade normal.
Nesse sentido, a solução apresentada é “a implementação de um sistema de testagem semanal com testes rápidos, como os de antigénio, a vigorar em concelhos acima de uma determinada prevalência de infetados”.
Segundo a CNS, o método aqui apresentado permitiria a circulação das pessoas na posse de um teste negativo, “não obstante a imperiosa manutenção de todos os cuidados sanitários, como o uso de máscara e distanciamento social, evitando dar-se uma falsa sensação de segurança às pessoas”.
Para satisfazer a capacidade massiva necessária à realização do elevado número de testes, os autores revertem para as infraestruturas de testagem existentes, como os laboratórios e os centros de testagem, mas também as farmácias que oferecem “vantagens pela proximidade que oferece a quase toda a população”.
“Tal como já acontece em Inglaterra, o procedimento deveria arrancar logo com os trabalhadores essenciais que não pudessem entrar em confinamento, mas depois estendido a todas as outras pessoas”, completa a carta.
Segundo o método aqui apresentado, quando um determinado concelho baixasse o número de casos para o correspondente ao nível inferior a “Risco Elevado”, então deixaria de ser necessário apresentar o teste negativo para circular. Quanto às pessoas com sintomas, o sistema em prática seria o mesmo.
Na base desta sugestão, a CNS cita vários artigos do Professor Michael Mina, Professor de Epidemiologia em Harvard e um dos maiores defensores da testagem massificada, em que é afirmado que “o mais relevante no controlo da pandemia é detetar e isolar infetados em fase de contágio”. Por isso mesmo a CNS defende a utilização de testes rápidos que detetam o vírus apenas em casos de alta carga viral.
Outro dos pontos defendidos na carta é uma alta frequência de testagem, que permite contornar a permeabilidade dos testes a alguns casos de infeção com baixa carga viral.
“Os testes de antigénio têm várias vantagens: são mais fáceis de administrar, são rápidos por definição (até 15 min para dar o resultado) e são relativamente baratos. São já amplamente usados em Portugal. Eles começam a detetar a infeção 3 a 5 dias depois do contágio com a subida repentina da carga viral. Dando positivo, o paciente deve ser encaminhado para o rastreio epidemiológico em vigor. Dando negativo, a pessoa mantém a sua vida normal, voltando a ser testada na semana seguinte, até à prevalência do concelho descer”, escreve a CNS.
PR/HN/João Marques
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