O parlamento indicou 50 deputados para o processo de vacinação contra a covid-19, atropelando assim as prioridades do Plano de Vacinação aprovado pelas autoridades de Saúde e mesmo as diretivas comunitárias.
Confesso que não entendo a decisão. Se a ideia é garantir que em caso de catástrofe o poder legislativo ficaria garantido, estão enganados. Haveria quórum, é certo, já que os plenários podem realizar-se com a presença de 46 deputados, num total de 230. Mas não haveria a representatividade necessária, já que uma lista de 50 deputados, incluindo o Presidente da Assembleia da República já vieram a terreiro recusar o atropelo das prioridades de vacinação. O Líder do PS, as duas deputadas independentes e mais alguns deputados do PCP, PEV, PSD e PS, também recusam. Até o inominável dirigente do CHEGA recusou.
Há quem argumente que são apenas 50 vacinas desviadas. É verdade, mas são 50 vacinas que vão faltar na vacinação dos mais vulneráveis; idosos e profissionais de saúde, por exemplo.
E o exemplo pode multiplicar-se; mais gente a considerar-se prioritária ao funcionamento do Estado, como já o fez a responsável da Segurança Social de Setúbal, ou alguns elementos “imprescindíveis” do INEM. E já se sabe que há autarcas, dirigentes da Administração Pública e até padres que conseguiram furar a precedência.
E eram para ser mais. 1000l!!!! Algo que rapidamente foi descartado após intervenção pública do Presidente da República.
É claro que como sempre acontece em tempos de crise, logo aparecem uns espertos prontos a aproveitar-se da situação em seu proveito. Agora, que o mesmo aconteça por iniciativa do próprio poder político e da administração pública, é coisa nunca vista.
Neste momento, para além do apelo ao respeito das regras e confinamento, seria de apelar, também para que os políticos que aderirem a este atropelo, tenham vergonha na cara.
MMM
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