“Infelizmente não temos uma bola de cristal. Tentamos ler tudo, tentamos ouvir o mais possível. Se soubéssemos tudo o que sabemos hoje, teríamos feito as coisas de maneira diferente? Ah pois claro que sim. Claro que sim! Não planeámos? Claro que planeámos, mas para um limite que não era este com que estamos a ser confrontados. Podem dizer que podíamos ter desenhado um plano B) ou C). Mas a verdade é que nunca pensámos que isto fosse acontecer. Nunca pensámos chegar a uma situação de tal necessidade de meios e recursos. O que é que neste momento sabemos; estimativas que não podemos confirmar? Que o Pico do Norte já terá sido atingido na semana passada, assim como o do Centro e o do Alentejo. De Lisboa e Vale do Tejo não sabemos, mas pensamos que o devemos estar a ultrapassar agora. O que vai acontecer? Vão aumentar muito os internamentos e os cuidados intensivos e depois os óbitos. Esperamos, pois, que esta semana seja ainda uma semana de muita pressão sobre o internamento de doentes não críticos e depois a semana 2 e 3 de fevereiro, ainda com muita atividade”.

O desabafo é de Marta Temido e foi proferido em entrevista que concedeu à Visão no passado dia 3. Na mesma entrevista, a Ministra da Saúde desabafaria também…

-“Tenho, como todos nós, o receio de que isto não acabe”

Ora, digo eu, pouco propenso a esoterismos de vão de escada, estou certo – mesmo sem ter de recorrer à Bola de Cristal – que isto vai acabar, como acabaram todas as pragas, imortalizadas, ou não, nos anais da História: como uma má memória; algo a esquecer.

E a prevenir para que não se repitam erros e sofrimento desnecessário. Algo que na atual pandemia, não vislumbro que esteja a acontecer. As decisões são tomadas em cima do joelho, muito pouco informadas sob o ponto de vista da evidência científica que as devia suportar; vive-se de remendos forjados na carne dos que partem vítimas da maleita… Enfim, um desastre sob qualquer ponto de vista.

Vá lá que Marta Temido reconhece que não faz a menor ideia do que se está a passar nem adianta projeções para os dias que se avizinham. É honesto da sua parte reconhecê-lo.

Só que ela é a Ministra da Saúde. E de uma Ministra da Saúde esperamos bem mais do que isto. Está disponível e em abundância informação científica dobre cenários epidemiológicos desde antes do primeiro confinamento. Não lê em inglês?

Os nossos sábios têm vindo a alertar quase diariamente para o que Marta Temido diz não saber por não ter uma Bola de Cristal. Não houve uma preparação competente para implementar o plano de vacinação. Não é preciso ter a dita Bola de Cristal para saber que assim, sem preparação cuidada, só podia dar asneira.

O Coordenador da Task Force para a estratégia de vacinação demitiu-se. Ainda ninguém sabe ao certo por que reais motivos o fez. Há-de-se saber um dia destes.

Marta vive da adivinha…. Os cuidados intensivos rebentam pelas costuras por falta de planeamento.

Diz Marta, na entrevista, que prevê (deve ter visto na Bola de Cristal) que o número de doentes em cuidados intensivos atingirá os 1.100. Porquê? Só se for porque a bola assim lho disse.

“Não há ninguém com responsabilidades em Saúde que possa dizer que é feliz. É uma tristeza enorme, avassaladora que nos invade todos os dias por não conseguirmos fazer mais; perceber quando é que isto acaba…”
Diz, finalmente, que não acredita em Deus, mas que gostava!!!????
Bom: em Deus provavelmente não, mas na fezada acredita com toda a certeza. Afinal é assim que funciona a mente de quem acredita na Bola de Cristal.

Marta Temido já revelou não conseguir interpretar os sinais que lhe são enviados do Além via Bola. O mínimo que podemos exigir é que seja substituída, na leitura esotérica, por alguém mais experimentado. Por mim, optaria pela Maya, que também lança cartas, o que poderá constituir um adjuvante de relevo nas adivinhas. Para além de ser muito, muito mais popular.

MMM