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A importância dos Congressos médicos em tempos de pandemia
O país regressa a conta-gotas à normalidade depois de passada a tormenta provocada pela COVID-19 no início do ano civil. Não sendo possível recuperar o tempo perdido no que toca ao ensino presencial, a prioridade deve ser a compensação do tempo perdido. Poderão os congressos e eventos científicos ser uma solução?
Foi a 21 de janeiro de 2021, com o país a enfrentar uma das maiores crises sanitárias de que há memória, que o governo anunciou o encerramento das universidades e do ensino presencial. Em prol da saúde e da segurança dos seus pares, o ensino teve de se reinventar e arranjar novas formas para que a educação não fosse deixada para trás. Sensivelmente 3 meses depois, o ensino superior voltará a reabrir e é tempo de recuperar o tempo perdido.
Durante este período de interregno, as aulas presenciais tomaram a via digital, as salas cheias de alunos viraram quadradinhos com o nome no ZOOM e as conversas no intervalo transformaram-se em mensagens, chamadas e videochamadas. Se em termos teóricos, os espaços de aprendizagem foram sido repostos, no que toca aos alunos dos cursos do ramo da saúde, os estágios hospitalares e formações em formato presencial foram parcial ou totalmente suprimidos, sem substituição equivalente.
Como aluno de medicina, encaro com preocupação este ano quase sabático sem ensino em meio hospitalar. Não pretendo neste espaço dar uma visão pessoal acerca da razoabilidade de os alunos continuarem a ir para o meio hospitalar sem vacinação, no pico duma pandemia onde a prioridade dos tutores se centrava mais no cuidado dos seus doentes do que com tempo para fazerem o seu papel como mestres. O tempo agora é de olhar o futuro e minimizar os estragos. As lições recentes dizem-nos que a melhor forma de combater as adversidades do futuro é prepararmos o presente.
Por isso, tendo o ano curricular tempo limitado, sabemos de antemão que não será possível às instituições fazer com que recuperemos tudo o que perdemos. Assim, atividades extracurriculares poderão amenizar e ajudar a recuperar o que perdemos e surgem na primeira linha os congressos e os estágios hospitalares extracurriculares.
Os congressos de medicina sempre surgiram como um puzzle ao ensino superior, dando a oportunidade aos alunos de ampliar os seus conhecimentos um pouco mais além dos livros e sebentas. Explorar as experiências na primeira pessoa, o humanismo e o conhecimento daqueles que têm um papel na medicina do atual e que nos darão azo para a partir daí construir a medicina do futuro, dando uma ferramenta para que possamos crescer enquanto pessoas e futuros médicos. Os congressos transmitem por isso uma visão holística do mundo médico.
Foi com este intuito que no final de março, realizámos o XIII Minho Medical Meeting com o tema “Ligados ao Futuro” que juntou cerca de 400 estudantes de medicina de todo o país. O nosso objetivo com um congresso feito de alunos e para alunos concretizou-se na abordagem de temas fulcrais na evolução e progressão da medicina, projetando as abordagens e tecnologias que farão parte do dia-a-dia dos médicos vindouros.
Desta forma, o nosso congresso pretendeu capacitar, instruir e despertar nos seus participantes curiosidade e vontade em aprender mais acerca do desenvolvimento médico e tecnológico, com a medicina do presente e do futuro como pano de fundo. Como nem só de palestras o Minho Medical Meeting é feito, foi dada a oportunidade aos participantes de por à prova conhecimentos e, de entre mais de 16 especialidades médicas, escolher workshops mais personalizados e interessantes conforme os seus gostos pessoais ou médicos.
Apesar do formato ideal (e de ter sido sempre pensado para) ser presencial, o “novo mundo” obrigou-nos a esta adaptação ao digital. Há, no entanto, realidades que são intransponíveis para o digital e é nesse sentido que temos reservado, para dia 8 de maio, a realização dos workshops práticos do Minho Medical Meeting onde os nossos participantes poderão recuperar o tempo perdido e, através da liberdade individual, aprender mais nas áreas onde no último ano foram impossibilitados pelo inimigo invisível de aprender, conforme as ambições pessoais e médicas.
Assim, os congressos médicos não são a vacina necessária para ficarmos imunes à iliteracia e inexperiência catapultada no último ano, mas são uma arma fundamental para a formação médica centrada nas competências cientificas e clínicas capazes de nos tornarmos médicos mais capazes e conhecedores.
O contexto atual afetou parte do compromisso de sermos humanos nas relações interpessoais, os eventos trouxeram novos desafios, o digital ganhou espaço e os congressos deixaram de ser um acontecimento extracurricular, sendo agora indubitavelmente uma importante ferramenta para nos mantermos “Ligados ao Futuro”.
Excelente reflexão/sugestão para a adaptação a uma nova realidade ??