De acordo com a consulta feita pela agência Lusa à relação do metical com o dólar, a moeda moçambicana valorizou-se em 17% desde o início do ano, quando eram precisos 75 meticais para comprar um dólar, ao passo que na sexta-feira bastavam 62 meticais, segundo o câmbio médio.
Segundo os analistas do banco Rand Merchant, a valorização do metical deverá ainda continuar nas próximas semanas devido à excessiva liquidez do dólar no mercado e à ação do banco central moçambicano.
“Devido à liquidez de dólares no mercado, num contexto em que a atividade mineira ganha tração, esperamos que o metical se fortaleça e antecipamos que o banco central vá permitir este crescimento da liquidez da moeda norte-americana, o que deverá fortalecer ainda mais o metical, para aplacar os efeitos da inflação originada pelas importações”, escreveram os analistas Neville Mandimika e Daniel Kavishe numa nota de análise.
O metical esteve relativamente estável durante janeiro nos 75 meticais por dólar e começou a valorizar-se no final de fevereiro, tendo apreciado até chegar aos 62 meticais na sexta-feira, sendo necessário recuar a janeiro de 2020, antes da pandemia de covid-19, para encontrar a moeda moçambicana tão valorizada.
A valorização do metical segue-se a uma descida de cerca de 10% durante o ano passado no valor face ao dólar, e surge em contraciclo com as previsões da generalidade dos analistas, que anteviam uma queda ainda maior do metical este ano, e acontece apesar da onda de violência no norte do país, que catapultou Moçambique para o topo da agenda mediática internacional nas últimas semanas.
No final de fevereiro, os analistas da NKC African Economics, por exemplo, estimavam que a moeda nacional de Moçambique fosse continuar a desvalorização este ano, passando a ser necessários 77,7 meticais por dólar, face aos 69,5 no ano passado.
A valorização da moeda moçambicana surge apesar da revisão em baixa da previsão de crescimento económico para este ano por parte do Fundo Monetário Internacional, que desceu a estimativa de 2,1%, e outubro, para 1,6%, na semana passada e aparece na sequência das medidas tomadas pelo banco central.
A 17 de março, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de política monetária, (taxa MIMO), em 13,25%, justificando a decisão com a “prevalência de elevados riscos e incertezas, não obstante a revisão em baixa das perspetivas de inflação no curto e médio prazo”.
Prevê-se “um menor agravamento de preços, a refletir, fundamentalmente, a tendência para apreciação do metical decorrente das medidas tomadas na última sessão do CPMO, num contexto de fraca atividade económica”, acrescentou o regulador, que em janeiro subiu a taxa MIMO em 300 pontos base, para os atuais 13,25%.
Segundo o Banco de Moçambique, a pressão cambial reduziu-se substancialmente, com a procura de divisas a ser “totalmente satisfeita”, como resultado “de uma maior fluidez que se observa no mercado cambial, contrariamente à tendência registada no princípio do ano”.
NR/HN/LUSA
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