“Se o conselho de administração do CHL não recuar nestes despedimentos, o Sindepor pondera convocar uma greve de enfermagem em defesa da manutenção dos postos de trabalho nesta instituição”, afirmou o coordenador regional do Centro do Sindepor, Nuno Couceiro.
Num pedido de esclarecimento enviado ao CHL, o Sindepor informa que numa reunião, em 30 de março, lhe foi garantido a intenção de o CHL “manter ao serviço todos os enfermeiros que então dispunham de vínculos de trabalho precários”.
Porém, com “grande espanto”, o Sindepor teve conhecimento de uma notícia que dá conta da dispensa de enfermeiros.
O Sindepor pergunta o que se alterou desde aquela reunião e que condições obrigam a unidade hospitalar “a passar de uma situação em que foi garantido” que “não seria despedido nenhum enfermeiro, para algo tão oposto”, o despedimento de três colegas e a alegada perspetiva de despedir mais 19 até agosto próximo”.
À Lusa, Nuno Couceiro adiantou que “existe mesmo a possibilidade” de greve, “para os colegas demonstrarem solidariedade para com aquilo que está a suceder”.
“São enfermeiros que estão integrados, conhecem os serviços, dão produtividade ao CHL que, ao fim e ao cabo, vai mandar embora e, depois daqui a uns tempos, devido a uma eventual nova vaga [da pandemia de Covid-19] ou outras circunstâncias vai contratá-los. As pessoas sentem-se enganadas”, declarou.
O coordenador regional do Centro do Sindepor disse esperar que o conselho de administração do CHL possa “reverter esta situação”.
“Além da pandemia ainda não ter terminado, há inúmeros atrasos ao nível das doenças não covid que é preciso recuperar”, referiu, salientando, ainda, a existência de “milhares de consultas, exames e cirurgias adiados devido à Covid-19 e que ficam comprometidas por falta de resposta devido à escassez de enfermeiros”.
Para Nuno Couceiro, “não há qualquer dúvida de que estes enfermeiros são precisos”.
A Lusa questionou o CHL, que remeteu para a resposta dada na sexta-feira sobre o mesmo tema.
Nesse dia, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou que o CHL vai dispensar até agosto 19 enfermeiros que foram contratados para dar resposta à pandemia de covid-19.
“Hoje [sexta-feira] são dispensados três enfermeiros, mas até agosto serão 19”, afirmou o coordenador da Direção Regional de Leiria do SEP, Ivo Gomes.
Em resposta à Lusa, o CHL fez saber na ocasião que “não confirma a dispensa por cessação de contrato de 19 enfermeiros, contratados no âmbito do combate à pandemia, até agosto”.
“Por atingirem o prazo definido de quatro meses de contrato no âmbito do combate à pandemia, confirma-se a dispensa de três enfermeiros, que cessam no dia 03 de maio”, esclareceu o CHL.
A mesma resposta explica que, “tendo em conta a atual situação epidemiológica nacional e regional, e no CHL, não está prevista neste momento a contratação de enfermeiros no mesmo âmbito”.
“Não obstante, poderão vir a ser contratados para o mesmo efeito, se assim se justificar, ou para outras áreas, para casos de substituição ou aposentação, por exemplo, se existir essa necessidade”, acrescenta.
Em 04 de março, o SEP enviou uma carta ao primeiro-ministro e à ministra da Saúde sobre o possível despedimento de cerca de 1.800 profissionais por cessação de contrato de trabalho a termo, o que considerou “profundamente intolerável”.
LUSA/HN
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