Estima-se que a doença celíaca afete cerca de 1% da população europeia sendo que em Portugal pode afetar entre 1 a 3% da população. No entanto, apenas 10 mil estarão efetivamente diagnosticados. De forma a sensibilizar a população para esta temática celebra-se hoje, 16 de maio, o Dia Internacional da Doença Celíaca.
Apesar de ser frequentemente diagnosticada em criança, com o aumento do conhecimento e da informação o diagnóstico é cada vez mais comum nos adultos, de acordo com a Associação Portuguesa dos Celíacos. É uma doença autoimune caracterizada pela predisposição genética para a sensibilidade ao glúten. A ingestão de glúten desencadeia uma reação imunológica contra o próprio intestino delgado da pessoa – desencadeando uma série de sintomas que podem ser divididos entre os clássicos e os atípicos.
Os sintomas clássicos, mais comuns em crianças são: diarreia, flatulência, distensão abdominal, cólicas abdominais, emagrecimento e desnutrição ou atraso do crescimento. Os doentes com sintomas atípicos (geralmente adultos) podem apresentar: anemia; osteoporose; dermatite; estomatite aftosa recorrente; infertilidade e abortos recorrentes; alterações neurológicas e psiquiátricas; alterações tiroideias; alterações nas análises hepáticas e alterações na dentição.
O único tratamento existente para o controlo da doença celíaca passa pela introdução de uma vida isenta de glúten, assente sobretudo na Dieta Isenta de Glúten (DIG). Ainda assim, os cuidados e restrições prolongam-se para produtos de higiene, medicamentos e cosmética. Logo que o glúten é eliminado da dieta é dada uma pronta recuperação por parte do organismo. O glúten deixa de provocar inflamação das vilosidades do intestino, o intestino é regenerado e ocorre de novo a absorção dos nutrientes.
Onde podemos encontrar glúten?
De forma muito geral e sucinta, o glúten pode ser encontrado trigo, centeio e cevada. Embora, para muitas pessoas uma dieta isenta de glúten seja uma opção, para as pessoas celíacas é a única forma de controlarem a doença. O crescimento da curiosidade e da procura de alimentos isentos de glúten, quer por opção ou necessidade, foi fundamental para o aparecimento de mais variedade de marcas e produtos isentos de glúten, resultando numa redução dos preços, ainda que em alguns casos produtos semelhantes sejam mais caros cerca de 26%.
Se em casa, esta dieta é mais facilmente controlada, um dos grandes problemas surge fora de portas. A preocupação e ansiedade são uma constante na vida das pessoas com doença celíaca. São diversos os ambientes não controláveis: festas de amigos, restaurantes, estabelecimentos de ensino, por exemplo. O medo vai além dos produtos que contém glúten, já que a contaminação cruzada é outra das preocupações a ter em conta. Esta acontece quando, direta ou indiretamente, o alimento “seguro” entra em contacto com um alimento alergénico, tornando-se assim perigoso para o indivíduo com doença celíaca. Mesmo ínfimas quantidades de glúten podem ser prejudiciais para os celíacos, pelo que é necessário garantir que não existe o perigo da contaminação.
Já lá vão os tempos onde era necessário atravessar a fronteira para conseguir encontrar alguma variedade de produtos dedicados à dieta isenta de glúten. A Associação Portuguesa de Celíacos, disponibiliza na sua página web todos os produtos, marcas e estabelecimentos licenciados e certificados como “Gluten Free”. Com uma pesquisa rápida encontrámos estabelecimentos como o Bonna, na cidade de Braga ou a cadeia nacional Celeiro.
O quotidiano de uma pessoa com doença celíaca ainda encontra diversas dificuldades e restrições. Embora a diferença esteja cada vez mais estreita, o processo continuo de desmitificação da doença celíaca é ainda longo. Combater a confusão existente com outras restrições alimentares e sensibilizar a restante população para a dieta isenta de glúten tem contribuído para uma melhoria significativa da vida das pessoas com doença celíaca, onde uma saída com os amigos sem qualquer tipo de preocupação já não é apenas uma miragem.
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