Este projeto “pioneiro” de digitalização e preservação digital de informação clínica – o Repositório Clínico Digital – permite aos médicos ter os registos clínicos dos utentes “à distância de um clique”, adiantou à Lusa a diretora do Serviço de Arquivo, Fernanda Gonçalves.
“O hospital é antigo e já trata de doentes há mais de 60 anos, por isso, temos um historial de registos clínicos enorme”, realçou.
Apesar de reconhecer que é “muito difícil” ser um hospital sem papel, a responsável sublinhou que um dos propósitos deste projeto é diminuir a sua utilização, tornando-se “mais eficiente”.
A informação clínica do doente ao estar digitalizada e contextualizada à data dos factos dá ao médico uma visão geral do processo clínico, permitindo-lhe uma “decisão mais rápida”, sublinhou.
“A ideia foi que sentido faz guardar quilómetros de papel se não os conseguimos ter disponíveis quando o doente cá vem e quando o médico precisa deles”, contou Fernanda Gonçalves, explicando um dos pontos de partida para a criação do repositório.
A diretora ressalvou que se um utente tem um histórico complexo ou a reincidência de uma doença, o clínico perde grande parte dos primeiros minutos da consulta a organizar papéis, a procurar informação ou consultar documentos e, estando os mesmos digitalizados, o processo é “mais fácil e rápido”.
A informação clínica digitalizada preserva o formato original, está classificada temporalmente e só pode aceder à mesma quem estiver credenciado, vincou.
Fernanda Gonçalves salientou que outra das vantagens do formato digital é a logística de entrega ao médico e o aumento de segurança porque, exemplificou, quando se enviava para consulta um registo de um doente não se sabia quantas páginas iam e quantas vinham.
O foco do Repositório Clínico Digital foi a pediatria pelo facto das crianças serem os “utentes adultos do futuro” do hospital, frisou a diretora.
Neste âmbito, já foram digitalizados e inseridos no repositório informações de 50 mil utentes pediátricos, assim como de 100 mil internamentos de adultos, revelou.
O centro hospitalar preserva os registos clínicos dos seus utentes desde a sua fundação em 1959 até hoje.
Atualmente, possuiu mais de dois milhões de processos clínicos de utentes, desde a sua informatização em 1992, e um volume de documentação em papel de 15 quilómetros lineares, segundo dados facultados por este.
Este projeto resulta das sinergias criadas pelo Centro de Gestão da Informação do Centro Hospitalar Universitário de São João – composto por uma equipa multidisciplinar de arquivistas, informáticos e administrativos -, em parceria com a Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB)/Arquivo Distrital do Porto (ADP).
O Repositório Clínico Digital teve um investimento de 1,6 milhões de euros.
LUSA/HN
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