António de Sousa Uva Médico e Professor

+COVID-19: ser enrolado ou surfar (mal) a onda?

07/01/2021

De novo, na cronologia da pandemia, voltamos ao yô-yô que tanto nos caracteriza, como já anteriormente assinalámos. Apesar da menor gravidade da COVID-19, mensurada pela letalidade, internamentos em hospital (e UCI) e óbitos, grosseiramente e apesar disso, nas últimas semanas, o internamento, por exemplo, em UCI triplicou! E os novos casos diários “upa, upa”.

A Saúde Pública e a Virologia já, há muito, criaram e divulgaram conhecimento sobre os fenómenos de adaptação dos vírus ao hospedeiro e a aprendizagem vai sendo feita parcialmente com “navegação à vista” com este novo Corona (como seria esperável mesmo com a resposta excepcional que a Ciência e a Medicina e outras Ciências Médicas e da Saúde vão dando). A imagem do surf poderá, caricaturalmente, transmitir melhor o que se tem passado, pelo menos parcialmente. Não estamos a actuar da melhor maneira nas várias ondas pandémicas: a prancha nem sempre é a mais adequada, o equilíbrio não é perfeito e os tempos de actuação “seguem-lhes as pegadas”.

Como resultado disso, os surtos crescem como gramíneas (apesar da Primavera ter acabado) e quase que se apela ao encerramento natural precoce das escolas nas férias grandes que não são sortudas mas sim “surtudas”. Entretanto, a retoma das actividades económicas também indicia o movimento yô-yô e o “desespero” vai minando o compromisso dos mais diversos intervenientes indispensável a qualquer estratégia de controlo pandémico. Para “compor” algumas Autoridades parecem ensaiar esboços de acrescentar vagas adicionais às estratégias de contenção adoptadas, qual espécie de opção “populista” da “comunicação de risco” (“junta-se a fome à falta de vontade de comer”).

Não terão sido os cerca de 18 meses de pandemia suficientes para aprendermos um pouco mais com os erros que sempre acontecem nestas situações?

Não deveriamos já ter iniciado de forma mais “agressiva” o apoio de reforços na inquirição epidemiológica (espera-se mais especializada) cada vez mais determinante para o “controlo” da pandemia? Ou estamos à espera dos quatro dígitos mais gordos de novos casos diários para complementar a “infantaria” com a “cavalaria”? Ou estamos à espera que “o ponteiro” da situação diária na matriz de risco “cavalgue” ainda mais?

É que se estivermos de novo à espera do tsunami hospitalar para “achatar a curva” ainda vão ser preciso muitas semanas? E não poderá acontecer que essa pressão seja mais “cirúrgica” em determinadas localizações geográficas e regiões?

E nós que tanto ansiamos por “mar-chão” seja a estratégia mais centrada nos antigénios ou nos anticorpos (ou em ambos) … Convém reafirmar que é preferível “pecar por excesso do que por defeito” já que pode funcionar como um “factor de segurança” para o desconhecimento parcial que ainda temos sobre o SARS-CoV-2. Nem sempre o senso comum é “bom senso”.

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