De acordo com as autarquias, o SUS, que integra Governo central, Estados e municípios, recebeu anotações da aplicação de imunizantes com atraso de até dois meses, principalmente nas primeiras semanas de vacinação no país, que teve início no final de janeiro deste ano.
Em causa está uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada na sexta-feira, que noticiou que pelo menos 26 mil doses de vacinas contra a covid-19 da fabricante AstraZeneca fora do prazo de validade foram administradas no Brasil.
“O lançamento no ‘Sistema Conect SUS’ está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento”, explicou Marcelo Puzzi, secretário da Saúde de Maringá, município do Estado do Paraná.
“Concluindo, não houve vacinação de doses vencidas em Maringá e sim erro no sistema do SUS”, sublinhou o secretário, em comunicado.
Num outro comunicado a que a agência Lusa teve acesso, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), que engloba a capital Brasília, esclareceu que “não houve registo de vacinas aplicadas fora do prazo de validade” na região, acrescentando que a informação prestada pela Folha de S.Paulo é “improcedente”.
“Ocorre que nem sempre a vacina aplicada é registada no sistema do Ministério da Saúde na mesma data em que foi administrada no paciente. Caso o digitador não altere esta data de aplicação na hora de fazer o registo no sistema, corre-se o risco de a vacina ser registada como uma aplicação fora do prazo de validade”, detalha o texto.
A SES/DF esclareceu que, no momento, encontra-se a tentar identificar os possíveis erros e responsáveis que levaram ao “desencontro de informações, bem como as medidas cabíveis a este caso”.
“Por fim, a SES/DF ressalta que possui o controlo de todos os prazos das vacinas armazenadas e distribuídas às regiões de saúde, e que jamais distribuiria vacinas às bases de vacinação que não estivessem em conformidade com todas as normas de segurança para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)”, conclui o comunicado.
Numa nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde indicaram que “todos os casos sobre aplicação de doses contra a Covid-19 fora do prazo de validade serão investigados”, frisando que “não está descartado erro do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, que desde o início da Campanha de Vacinação apresenta instabilidade no registo dos dados”.
Na sua reportagem, o jornal Folha de S.Paulo baseou-se em registos oficiais do Ministério da Saúde que davam conta que cerca de 26 mil doses de imunizantes com o prazo de validade expirado foram aplicados em 1.532 municípios do país.
O levantamento apontou também que outras 114 mil doses da vacina AstraZeneca, distribuídas em estados e municípios dentro do prazo de validade, já expiraram e não há informações se elas foram descartadas ou se continuam a ser aplicadas.
Numa resposta enviada ao jornal, o Ministério da Saúde referiu acompanhar “rigorosamente todos os prazos de validade das vacinas covid-19 recebidas e distribuídas”.
Atualmente a AstraZeneca é o imunizante mais usado no país sul-americano, correspondendo a 57% das doses aplicadas no país.
O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, totaliza 521.952 mortes e mais de 18,6 milhões de casos positivos de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.957.862 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 182,5 milhões de casos de infeção, segundo o balanço mais recente feito pela agência francesa AFP.
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