O chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, condenou hoje, em Moscovo, as tentativas de diversos países de “interferir nos assuntos internos da Nicarágua”, a cerca de três meses das eleições no país da América central.
“Solidarizamo-nos com a Nicarágua na defesa da sua independência e soberania. Rejeitamos categoricamente as tentativas de interferência nos assuntos internos desse país, como de qualquer outro Estado”, disse Lavrov em conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo nicaraguense, Denis Moncada.
O chefe da diplomacia russa assegurou que o povo nicaraguense tem direito e “é absolutamente capaz” de determinar o seu próprio destino.
Também advertiu aqueles que, através da “aplicação de sanções, procuram impedir o desenvolvimento económico” da Nicarágua e de outros países na esperança de provocar um “descontentamento massivo”.
Por sua vez, Moncada definiu como “muito positivo” e “muito produtiva” a conversação com Lavrov, a quem transmitiu uma “fraterna saudação” do Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.
O ministro nicaraguense sublinhou que a sua visita decorre no 42º aniversário do triunfo da Revolução sandinista e indicou que os dois diplomatas e as suas equipas celebraram “essa data memorável”.
“Continuamos a fortalecer as relações entre a Nicarágua e a Rússia”, assinalou, sublinhando que são “relações estratégicas”.
Na semana passada, o Governo do Canadá impôs sanções a 15 funcionários e responsáveis próximos do Presidente nicaraguense, incluindo a sua filha Camila Ortega Murilo, impedindo-os de estabelecer relações económicas com cidadãos canadianos.
A decisão do Canadá surgiu dois dias após o Governo dos Estados Unidos ter anunciado restrições de vistos para 100 membros do poder legislativo e procuradores, juízes e outros membros do sistema judicial nicaraguense, por, alegadamente, deteriorarem a democracia.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) indiciou Ortega por alegados crimes de lesa humanidade após os protestos de 2018 que terão provocado cerca de 328 vítimas mortais, das quais o chefe de Estado reconhece 200.
Nas eleições, convocada para 07 de novembro, Ortega procurará prolongar por cinco anos o poder que recuperou em 2007, após ter governado entre 1979 e 1990.
No decurso do encontro de hoje em Moscovo, os dois ministros dos Negócios Estrangeiros também abordaram a possibilidade de produção de vacinas anti-covid russas no país centro-americano.
“Estamos a analisar o pedido para a produção de uma das vacinas anti-covid da Rússia na Nicarágua e penso que, proximamente, haverá uma decisão sobre este assunto”, disse Lavrov na conferência de imprensa conjunta.
O chefe da diplomacia russa recordou que a Nicarágua foi um dos primeiros países a registar a vacina russa Sputnik V, e em maio passado também autorizou o uso da vacina de uma dose Sputnik Light.
Lavrov assegurou que a Rússia cumpre o compromisso sobre o fornecimento de vacinas à Nicarágua, com mais de metade (cerca de 300 mil doses) já entregues a Manágua.
Com o último lote da Sputnik V, a Nicarágua (6,5 milhões de habitantes), recebeu mais de 625 mil doses de vacinas contra o Covid-19, a maioria por doações do mecanismo internacional Covax, da Índia, e da Rússia.
LUSA/HN
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