Projeto “Agulhão” já recolheu mais de 300 mil seringas usadas que iam parar ao lixo doméstico

3 de Agosto 2021

Mais de 300 mil seringas e agulhas usadas foram recolhidas no âmbito de um projeto criado pela Associação de Farmácias de Portugal no final de 2019 para responder à falta de soluções para a recolha destes resíduos.

Os dados foram avançados hoje à agência Lusa pela Associação de Farmácias de Portugal (AFP), a qual explicou que o projeto Seringas só no Agulhão consiste nas farmácias disponibilizarem um contentor, onde os cidadãos podem depositar gratuitamente os resíduos utilizados.

“O projeto é desenvolvido em parceria com a empresa especializada na gestão de resíduos hospitalares, Stericycle, que faz a recolha dos contentores e o tratamento dos resíduos [incineração], respondendo assim à falta de soluções seguras e ecológicas para recolha de seringas usadas”, adianta.

Lançado em forma projeto-piloto no final de 2019, tem como objetivo dar resposta “à falta de soluções para a recolha de resíduos produzidos pelos doentes diabéticos e por todos aqueles que necessitam de medicamentos injetáveis”.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da AFP, Manuela Pacheco, anunciou que Torres Vedras vai ser o primeiro município com cobertura a 100% da sua rede de farmácias a recolherem gratuitamente seringas/agulhas usadas pelos doentes.

Isto porque o projeto Agulhão foi um dos mais votados pelos munícipes no Orçamento Participativo. As 23 farmácias do município juntam-se assim às farmácias aderentes dos concelhos de Lisboa, Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Gondomar, Braga e Vila Verde.

Manuela Pacheco disse estar “contente” por esta decisão, mas admitiu que podia “ficar muito mais” se o projeto fosse implementado em todo o país.

“Quem ganha o projeto são aqueles que votaram e quem votou foi a população”, disse, considerando que foi “uma grande vitória” porque a população reconheceu o seu interesse por se tratar de uma questão de saúde pública e ambiental.

A presidente da AFP disse ainda ter esperança de que o impacto que o projeto vai ter em Torres Vedras tenha efeito fora do concelho e que outros o recebam e, “melhor ainda”, que o Ministério da Saúde o reconhecesse como “importante para o país todo e o implementasse a nível nacional, que é o objetivo final do projeto”.

Observou ainda que o valor alocado a este projeto para o concelho “é residual”, cinco mil euros para um ano, perante o que “ganha em saúde pública e ambiental”.

“Vai ser tudo recolhido nas farmácias e tratado, não vai para o meio ambiente, não vai para o lixo doméstico para ser tratado como as cascas das batatas e dos ovos”, sublinhou Manuela Pacheco.

Do ponto de vista legal, os resíduos produzidos por doentes automedicados, nos seus domicílios, não se enquadram na definição de resíduos hospitalares, perfilando-se como resíduos urbanos, cabendo aos utilizadores gerirem-nos como tal.

Não podendo ser entregues nas farmácias, hospitais ou centros de saúde, estes resíduos acabam no lixo doméstico, pondo em causa a saúde pública e o ambiente.

LUSA/HN

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