Gâmbia declara “emergência de saúde pública” após detetar poliovírus em esgotos

19 de Agosto 2021

A Gâmbia declarou na quarta-feira uma “emergência de saúde pública” depois de ter detetado casos de poliovírus em amostras recolhidas em esgotos ambientais.

“Duas amostras de esgotos de Banjul e Kotu [uma cidade turística próxima de Banjul] mostraram-se positivas para o poliovírus”, afirmou o ministro da Saúde gambiano, Ahmadou Lamin Samateh, citado pela agência France-Presse.

“É importante salientar que esta descoberta indica que o poliovírus está a circular, mas não significa que tenham sido detetados casos de paralisia entre a população”, acrescentou.

A deteção destes casos surge depois da introdução de uma nova política de amostragem no país, em maio, que conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao declarar esta emergência de saúde pública, as autoridades irão lançar uma campanha de sensibilização e aumentar a vigilância epidemiológica.

O Governo planeia também “pelo menos duas campanhas de vacinação em massa”, visando crianças com menos de 5 anos de idade.

O poliovírus selvagem era endémico em todo o mundo até à descoberta de uma vacina, durante a década de 1950.

A Gâmbia foi declarada livre da poliomielite em 2004, segundo o Ministério.

Em agosto do ano passado, a OMS anunciou que o poliovírus selvagem tinha sido “erradicado” de África após quatro anos consecutivos de ausência de casos notificados e de esforços maciços para a imunização infantil, apelidando a ocasião de “momento histórico”.

O poliovírus selvagem só se encontra agora no Paquistão e no Afeganistão.

No entanto, uma outra forma de poliovírus, derivada de uma estirpe vacinal, pode propagar-se através de fezes em áreas com saneamento deficiente.

Esta forma atenuada tornou-se mais perigosa após uma mutação que ocorre quando a cobertura vacinal é baixa, dando ao vírus oportunidade de se multiplicar, segundo a OMS.

Na terça-feira, o Uganda confirmou a deteção do poliovírus de tipo 2 circulante de origem vacinal (cVDPV2) em amostras de plantas em águas de Kampala, que as autoridades relacionam com a diminuição da imunização devido à pandemia de Covid-19.

Nos últimos meses, cerca de duas dezenas de países detetaram estirpes de cVDPV, como o Quénia, Sudão do Sul ou República Democrática do Congo (RDCongo).

A poliomielite é uma doença infeciosa que afeta sobretudo os menores de 5 anos e não tem cura, apresentando sintomas como febre, fadiga, vómitos e dores de cabeça, podendo causar, nalguns casos, a paralisia das extremidades do corpo.

LUSA/HN

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