Governo do Irão negoceia compra de vacinas a países europeus

22 de Agosto 2021

O Irão iniciou negociações com países europeus para comprar vacinas contra a covid-19, depois de uma proibição inicial decretada pelo líder supremo, Ali Khameni, anunciou hoje o vice-ministro da Saúde, Alireza Raisi.

“Iniciámos negociações com um ou dois países europeus para obter as vacinas Pfizer e Moderna e, se tudo correr bem, iremos definitivamente importá-las”, disse Raisi, citado pela agência noticiosa iraniana Isna, que não especifica os países.

A medida surge na sequência da crítica pública generalizada à decisão de não importar vacinas dos Estados Unidos e países europeus, que os iranianos dizem ser uma das razões para o ritmo lento da campanha de imunização e do atual pico de infeções e mortes, segundo a EFE.

Em janeiro, Khamenei proibiu a importação de vacinas norte-americanas e britânicas, com o argumento de que esses países, com os quais o Irão tem relações tensas, poderiam procurar contaminar outras nações com os seus produtos contra a pandemia.

“A importação de vacinas americanas e britânicas para o país é proibida […]. Se os americanos tivessem sido capazes de produzir uma vacina, este desastre do coronavírus não teria acontecido no seu próprio país”, salientou então o líder iraniano.

As autoridades disseram que Ali Khameni e o novo Presidente da República, Ebrahim Raisi, foram imunizados com a vacina COVIran Barekat, produzida no país, mas circularam comentários nas redes sociais sobre a utilização da vacina Pfizer entre dirigentes iranianos.

O vice-ministro da Saúde disse hoje que não foi o Irão que não quis importar vacinas, mas que muitos países, como a China e os Estados Unidos, não disponibilizaram as suas vacinas antes de as terem administrado a uma parte significativa da sua população.

“A iniciativa Covax [da Organização Mundial da Saúde] e os contratos de compra de vacinas da Rússia e da China foram as nossas principais medidas de importação de vacinas, e até agora a China tem-nos dado mais vacinas”, disse Raisi.

O vice-ministro disse que o novo Presidente iraniano manteve conversações telefónicas positivas com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e que, antes do final de outubro, o Irão irá receber mais 60 milhões de doses.

Até agora, cerca de 5,5 milhões de pessoas completaram a vacinação contra a covid-19 no Irão, um país com mais de 80 milhões de habitantes.

Segundo dados oficiais, 16,4 milhões receberam primeira dose, na sua maioria da vacina chinesa Sinopharm.

A covid-19 está a atingir duramente o Irão, a braços com uma quinta vaga da pandemia alimentada pela variante delta do vírus SARS-CoV-2, considerada altamente contagiosa.

A pandemia causou até agora mais de 4,6 milhões de infeções no Irão e 101.354 mortes, de acordo com os números oficiais citados pela EFE.

Ao apresentar o seu executivo no parlamento, no sábado, o Presidente Ebrahim Raisi disse que a “principal prioridade do governo é controlar o coronavírus, melhorar a situação sanitária e efetuar a vacinação em larga escala”.

Perante os deputados, Raisi defendeu a sua escolha para ministro da Saúde do médico Bahram Einollahi, que se opôs anteriormente à utilização de vacinas fabricadas nos Estados Unidos, Reino Unido ou França.

LUSA/HN

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