![Prof. Dr. Carlos Cotrim](https://healthnews.pt/wp-content/uploads/2021/09/Prof.-Dr.-Carlos-Cotrim.png)
[xyz-ips snippet=”Excerpto”]
Exames com radiação são potencialmente prejudiciais à saúde
Apesar dos grandes avanços em prevenção e tratamento, os números de novos casos de cancro permanecem altos. Os exames com radiação podem ser responsáveis por esta relação. Falamos, por exemplo, da cintigrafia de perfusão miocárdica que é utilizada para o diagnóstico não invasivo de doença coronária aterosclerótica. Esta pode usar doses de radiação que chegam a ultrapassar o equivalente a 500 radiografias do tórax, o que significa um impacto muito negativo para o doente.
A relação entre a radiação e o desenvolvimento do cancro é amplamente compreendida: uma única tomografia computadorizada expõe o paciente a uma quantidade de radiação que a evidência epidemiológica mostra que pode causar cancro. Os riscos foram demonstrados diretamente em dois grandes estudos clínicos na Grã-Bretanha e na Austrália. No estudo britânico, provou-se, por exemplo, que crianças expostas a múltiplas tomografias tem três vezes mais hipóteses de desenvolver leucemia e cancro cerebral.
Em alternativa à cintigrafia de perfusão miocárdica, o que se sugere é a Ecocardiografia de sobrecarga. A Ecocardiografia de sobrecarga tem sido usada, para além da doença coronária, em vários contextos, com recurso a fármacos, ao esforço em cicloergômetro, ou em tapete rolante, mas neste caso convencionalmente com aquisição de imagens no pós-esforço imediato. Para uma informação obtida equivalente os riscos do uso de exames com radiação são amplamente maiores.
No entanto, o SNS continua a financiar, sem qualquer obstáculo a cintigrafia. Pelo contrário o médico de família não tem a possibilidade de solicitar um Ecocardiograma de esforço, apesar do preço de uma cintigrafia ultrapassar o dobro do preço de um ecocardiograma de esforço (cerca de 200 euros um Eco de Esforço e cerca de 400 euros uma cintigrafia). Para além dos custos económicos dos exames com radiação serem muito maiores também os riscos biológicos com o aumento da incidência de cancro nos devem levar a analisar a prática atual em que a cintigrafia de perfusão miocárdica continua a ser o exame mais utilizado em Portugal para deteção de doença coronária.
0 Comments