Um grupo de dezenas de manifestantes, conotados com o negacionismo da pandemia, começou a reunir-se pelas 18:00 no Marquês de Pombal, em Lisboa, como agendado, onde, em dia de eleições autárquicas, organizaram uma votação paralela, simbólica, na qual opuseram duas listas: uma “Pela Constituição da República Portuguesa” e outra “Pela Ditadura Totalitária”, depois de largos minutos de discurso ao megafone de uma das manifestantes, com o atual sistema político e os políticos e a defesa da Constituição como ‘slogan’ principal.
A urna encabeçou depois o desfile, que partiu do Marquês de Pombal já depois das 18:30 e chegou ao destino, o Terreiro do Paço, já ao anoitecer, um pouco mais de uma hora depois, sempre acompanhado de perto pela PSP, sem que se tenham registado incidentes.
O percurso, que desceu a Avenida da Liberdade, passou pelos Restauradores, Praça do Rossio e Rua do Ouro até ao Terreiro do Paço, foi sempre ruidoso, com um conjunto de palavras de ordem gritadas de modo repetitivo e acompanhado do som de apitos.
“Quem são os nossos inimigos? Os políticos!” e “O que são os nossos políticos? Corruptos”, entoavam também repetidamente os manifestantes, que captavam a atenção de turistas por alguns minutos, e que aproveitaram, por exemplo, no Rossio para registar em vídeos feitos com o telemóvel o momento em que se cantou o hino nacional.
À chegada ao Terreiro do Paço, onde terminaria com um jantar, o desfile conseguiu uma atenção mediática inesperada e que não esteve presente ao longo do percurso, ao cruzar-se com a equipa de jornalistas que aguardava a chegada do candidato autárquico a Lisboa pelo Partido Socialista e atual presidente da câmara, Fernando Medina.
A manifestante que encabeçou o desfile – a mesma cidadã que há algumas semanas ameaçou o presidente da Assembleia da República enquanto este almoçava num restaurante próximo do parlamento – aproveitou o momento e as câmaras de televisão para uma declaração em que recusou que o grupo seja composto por “terroristas”.
“Nós não somos terroristas, não fazemos parte de nenhuma milícia. Nós somos portugueses”, disse, voltando a repetir a ideia de que a Constituição está em risco e exigindo “respeito” da classe política.
Ideias semelhantes foram novamente repetidas poucos segundos depois, no meio da praça, para o grupo de manifestantes e concluídas com um “e agora, vamos jantar!”.
LUSA/HN
0 Comments