A imensa e instável região de Tillabéri [com cerca de 100 mil quilómetros quadrados], que faz fronteira com Níger, Burkina Faso e Mali, é palco desde 2017 de ataques de grupos extremistas ligados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico (EI).
“A insegurança e os ataques recorrentes de alegados elementos de grupos armados não estatais que visam agricultores e civis terão graves repercussões este ano na já precária situação alimentar de vários milhares de famílias que vivem na região de Tillabéri”, alertou hoje o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) num relatório enviado à agência de notícias AFP.
Quase 600.000 pessoas “estão em risco de insegurança alimentar”, sublinhou a agência da ONU, citando os recentes resultados preliminares da avaliação da campanha agropastoril na área, onde, no entanto, foi observada uma calmaria ao longo do mês de setembro.
O temor de uma crise alimentar foi gerado pelo “abandono dos campos das culturas e pelas dificuldades de acesso aos mercados”, explicou a agência da ONU.
“Aqueles que ousaram ir para o campo foram mortos, eles [os agressores] rastreiam-nos nas cabanas e até nas mesquitas”, disse Hadjia Sibti, presidente da Associação de Mulheres de Anzourou, cidade frequentemente alvo de ataques.
O OCHA considerou “a situação mais do que preocupante” no departamento de Banibangou, no nordeste de Tillabéri, onde mais de 79.000 pessoas correm o risco de ficar sem alimentos.
Entre junho e agosto de 2021, “várias dezenas de camponeses” de Banibangou “foram assassinados friamente nos seus campos por elementos” de grupos armados, forçando as populações “a abandonarem os seus campos”, referiu a agência da ONU.
Até 31 de agosto, 765.348 pessoas beneficiaram da assistência humanitária na região de Tillabéri, que abriga 101.144 pessoas deslocadas internamente, disse o OCHA.
A ONU teme “uma crise alimentar de grande envergadura” nesta região e pede ao “governo e aos seus parceiros” que tomem “medidas fortes proporcionais à escala da situação”.
Em 10 de setembro, na sua primeira visita a esta área desde sua eleição no final de fevereiro, o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, prometeu continuar a assistência alimentar, bem como o estabelecimento de um sistema de segurança mais robusto para conter as incursões de atacantes do Mali.
O último massacre de civis em Anzourou foi em 21 de agosto, em Theim, onde indivíduos armados mataram 19 pessoas numa mesquita.
LUSA/HN
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