“Na vida, tal como na estrada, a velocidade tem riscos”, adverte a Fundação Portuguesa de Cardiologia, que, com o apoio da Merck, lançou uma campanha para relembrar que é preciso vigiar a frequência cardíaca: “quando se trata da frequência cardíaca, os 80 batimentos por minutos (bpm) são o valor a que todos devem estar atentos”, indica, em comunicado, a FPC. No âmbito desta campanha, vão decorrer, em mais de 220 farmácias, rastreios à frequência cardíaca.
Manuel Carrageta, cardiologista e presidente da FPC, confirma que “a frequência cardíaca de repouso elevada é um fator de risco de hipertensão, diabetes e de doença cardiovascular, tal como os fatores de risco tradicionais, podendo ser comparada, neste sentido, à hipertensão arterial, ao tabagismo e à dislipidemia”.
Por isso, a medição da frequência cardíaca “pode e deve ser feita com frequência, visto tratar-se de um indicador clínico fácil de obter, que poderá identificar determinados indivíduos em risco de desenvolver doença cardiovascular e também diabetes”, explicou o cardiologista, citado no comunicado.
“A frequência cardíaca de repouso sistematicamente elevada deve ser valorizada, pois constitui um fator de risco que pode anunciar o futuro aparecimento de doença, morte cardiovascular e de diabetes”, e “muitos estudos epidemiológicos mostram que esta elevação da frequência cardíaca é um fator de risco para desenvolver hipertensão arterial”, continuou.
Sendo assim, uma frequência cardíaca sistematicamente elevada “deve ser interpretada como um aviso para se iniciarem medidas preventivas que corrijam este desequilíbrio. É o momento para a medicina preventiva fazer o seu trabalho”.
São várias as situações que podem fazer com que a frequência cardíaca em repouso ultrapasse os 80 bpm, “como doenças da tiroide, anemia, excesso de álcool, cafeína e stress”. Mas, reforça o especialista, “depois de excluir estas situações e ter-se comprovado a presença de uma frequência cardíaca de repouso alta, podemos pensar que mecanismos causam esta taquicardia relativa. Pensa-se que seja devido a um desequilíbrio do sistema nervoso autónomo, com predomínio do sistema simpático sobre o sistema vagal”.
Manuel Carrageta acredita que este é um fator de risco para o qual os portugueses “não estão sequer informados, quanto mais sensibilizados para a sua importância, que tem sido esquecida na informação disponibilizada à nossa população”.
Segundo o cardiologista, a boa notícia é que, “melhorando o estilo de vida, nomeadamente através da prática regular do exercício, redução do peso corporal, do stress, da ingestão excessiva de álcool e da cafeína”, é possível manter a frequência cardíaca em repouso controlada. “Algumas vezes pode mesmo ser necessário recorrer ao emprego de fármacos que ajudem a controlar a frequência cardíaca e, ao mesmo tempo, a pressão arterial elevada que, como já referimos, costuma estar associada, mais tarde ou mais cedo, a este aumento da frequência cardíaca.”
Isto sem esquecer a medição regular. “Visto que a frequência cardíaca de repouso elevada pode indicar um prognóstico desfavorável e ser tão fácil de medir, é de recomendar o seu emprego diário, bem como a sua valorização clínica”, disse o presidente.
“Numa altura em que ainda estamos a lutar contra a Covid-19 é muito importante não esquecer que a pandemia cardiovascular continua a ser a que mais mata em Portugal, pelo que não podemos ignorar a importância, para todos, da adoção de estilos de vida saudáveis e do controlo dos fatores de risco para a prevenção cardiovascular”, lê-se no comunicado.
PR/HN/Rita Antunes
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