“A nível nacional, mais de 50% dos agregados familiares residentes passaram por alguma dificuldade alimentar” durante os 12 meses que antecederam a entrevista feita pelo INE, lê-se no relatório final do estudo sobre nutrição incluindo no IOF do período 2019/20.
O mais recente suplemento, consultado hoje pela Lusa, dedica uma secção ao tema específico da Perceção dos Agregados Familiares sobre a Segurança Alimentar.
Foram colocadas oito perguntas aos agregados familiares, face a algumas das quais 78,4% diz ter passado pela “preocupação de não ter comida suficiente”, 58,1% diz já ter ficado “sem comida em casa” e 28,2% respondeu já ter ficado “um dia inteiro sem comer”.
Desagregando por áreas de residência, os agregados familiares residentes nas áreas rurais responderam em maior percentagem já ter ficado um dia inteiro sem comer (30,3%) em relação aos que moram em zonas urbanas (24%).
As províncias de Sofala (90%), Cabo Delgado (85%) e Nampula (85%) são aquelas em que mais famílias assumiram ter passado pela preocupação de não ter comida suficiente.
Em Nampula, mais de um terço dos agregados familiares (37,9%) disse já ter passado um dia inteiro sem comer, seguindo-se Manica (32,9%) e Cabo Delgado (31,7%).
Cabo Delgado tem sido alvo de ataques armados de grupos rebeldes nos últimos quatro anos, provocando um grave crise humanitária, sobretudo alimentar, com 871.000 deslocados que têm procurado ajuda também em Nampula.
Sofala e Manica, no centro, são zonas também afetadas por instabilidade militar derivada da presença de antigos guerrilheiros do principal partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
O suplemento sobre nutrição do Inquérito sobre Orçamento Familiar 2019/20 baseou-se numa amostra de 13.343 agregados familiares.
O INE estima que a população moçambicana ronde os 30 milhões de habitantes, cerca de metade com menos de 18 anos e em que cada mulher tem em média cinco filhos.
LUSA/HN
0 Comments