Operada há duas semanas, a cadelinha de pelo bege ainda está a recuperar e com medo, mas já vai dando alguns passos.
“A sorte e a experiência desempenharam um grande papel”, disse o veterinário Sergey Gorchkov, em declarações à agência de notícia AFP, que realizou a cirurgia ‘miraculosa’ na clínica Best em Novosibirsk, na Sibéria.
Tratou-se da primeira vez que o veterinário realizou um transplante quádruplo num cão, uma operação que já havia realizado num gato em 2019. Cerca de trinta outros seus “pacientes” já beneficiaram de cirurgias de colocação de membros artificiais.
Monika tem uma história sofrida: em dezembro de 2020 foi descoberta à beira da morte numa floresta em Krasnodar, no sudoeste da Rússia, e as suas quatro patas eram feridas abertas e cobertas de sangue.
“Ninguém sabe o que aconteceu com ela, alguns voluntários pensam que alguém lhe cortou as pernas por crueldade”, disse Gorchkov.
A cadela, cuja idade está estimada entre os dois e os quatro anos, poderia ter conhecido o destino de milhares de cais vadios encontrados feridos, como a eutanásia, ou pior, uma morte lenta e dolorosa.
No entanto, foi encontrada por um grupo de voluntários de Krasnodar, entre os quais, Alla Leonkina que adiantou à AFP ter cuidado da cadela com um amigo durante quase um ano após sua descoberta.
“Ela estava num péssimo estado”, reconheceu.
Enquanto tratava do animal, Ala Leonkina pensou na clínica do Dr. Gorchkov e, então, na última primavera, lançou ‘online’ um ‘crowdfunding’ para dar uma nova vida a Monika.
No espaço de um mês, o grupo arrecadou mais de 400.000 rublos (4.800 euros), uma quantia significativa na Rússia, mas ainda havia um problema, o de transportar Monika para Novosibirsk, a 4.000 quilómetros de distância.
“Ela foi de avião comigo, sentada no banco do passageiro”, explicou Alla Leonkina.
Os ‘anjos da guarda’ de Monika também financiaram a confeção de próteses, feitas numa impressora 3D, uma das patas do animal partiu durante a primeira instalação, obrigando o veterinário a repetir o teste dois meses depois.
Agora, está tudo bem, explicou o médico, referindo que os ossos de Monika poderão crescer e se adaptar naturalmente às próteses, que, segundo ele, ficarão como “os chifres na cabeça de um cervo”.
NR/HN/LUSA
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